Itália eleva patrulhas para salvar imigrantes de naufrágios

O primeiro-ministro italiano disse que um 'pacote naval e aéreo' seria posto em ação no sul da Sicília, onde dezenas de milhares de imigrantes em embarcações superlotadas e frágeis fizeram a passagem da África

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Por Reuters
Atualização:

ROMA - A Itália vai aumentar as patrulhas militares no sul do Mediterrâneo para tentar evitar repetições dos naufrágios que afogaram centenas de imigrantes africanos neste mês.

 

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O primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, disse na noite de sábado, 12, que um "pacote naval e aéreo" seria posto em ação no sul da Sicília, onde dezenas de milhares de imigrantes em embarcações superlotadas e frágeis fizeram a passagem da África neste ano.

 

Autoridades italianas estão cada vez mais preocupadas com as chegadas incontroláveis de uma região desestabilizada pela guerra civil na Síria, o caos na Líbia e a agitação no Egito e em outras partes.

 

"Pretendemos triplicar nossa presença em termos tanto de pessoal quanto de meios no sul do Mediterrâneo, pois uma missão militar-humanitária se tornou necessária em parte pelo fato de que a Líbia é atualmente um ‘não-Estadão'", disse o ministro da Defesa, Mario Mauro, ao jornal Avvenire.

 

Ele disse que detalhes financeiros e operacionais da mobilização estavam sendo resolvidos e poderiam envolver mais embarcações de patrulha ou navios mais potentes com maior capacidade de vigilância.

"Precisamos de medidas fortes para impedir esses naufrágios no mar", disse ele ao jornal.

 

Além das embarcações da guarda-costeira e da polícia de fronteira, a Marinha italiana tem atualmente três embarcações apoiadas por quatro helicópteros patrulhando a região, e duas aeronaves de vigilância de apoio com visão noturna.

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Itália e Malta, que vêm suportando o peso da crise econômica, pediram mais fundos da União Europeia e que a emergência dos imigrantes seja incluída na agenda da próxima reunião do Conselho Europeu, em 24 e 25 de outubro.

 

'Cemitério' marítimo

 

"A verdade é que, como as coisas estão, estamos apenas construindo um cemitério em nosso Mar Mediterrâneo", disse o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, em uma entrevista para a BBC.

 

Ao menos 34 pessoas morreram na sexta-feira e 206 foram resgatadas quando um barco naufragou no sul da Sicília. O incidente acontece apenas uma semana depois que mais de 350 imigrantes da Eritreia e da Somália se afogaram na ilha de Lampedusa.

 

No domingo, embarcações italianas resgataram cerca de400 pessoas de um barco em apuros a 100 quilômetros ao sul de Lampedusa, enquanto outro barco levando cerca de 100 pessoas foi pego por equipes de resgate de Malta, disse uma autoridade da guarda-costeira.

 

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, general Ban Ki-moon, disse que a comunidade internacional tinha que abordar as causas que estavam na raiz da crise.

 

As centenas de mortes desencadearam um debate político feroz na Itália sobre as regras rígidas destinadas a combater a imigração clandestina, que veem como um delito oferecer assistência a barcos de imigrantes ilegais.

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Letta disse ser a favor de mudar a lei, mas enfrenta uma dura oposição de parceiros da centro-direita em seu governo de coalizão, que insistem que a lei deve ficar.

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