Itália irá julgar americano por morte de italiano no Iraque

Agente foi morto por militartes americanos quando escoltava a jornalista Giuliana Sgrena, que havia sido libertada após um seqüestro em Bagdá

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Por Agencia Estado
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Um juiz da Itália ordenou que um soldado dos Estados Unidos seja julgado pela morte a tiros de um agente secreto italiano num posto de checagem em Bagdá, anunciou o procurador Pietro Saviotti. O soldado da Guarda Nacional americana Mario Lozano foi indiciado por homicídio e tentativa de homicídio no incidente ocorrido em 4 de março de 2005. A jornalista italiana Giuliana Sgrena havia acabado de ser libertada da mão de seqüestradores em Bagdá e estava sendo levada por dois agentes italianos para o aeroporto da cidade quando o veículo em que viajavam foi alvejado por soldados americanos num posto militar. O agente Nicola Capari foi morto. A jornalista e um segundo agente, que dirigia o carro, ficaram feridos. "Parece-me que é o primeiro passo num longo caminho rumo à verdade e à justiça, e espero que no fim prevaleça a justiça", afirmou, visivelmente emocionada, Rosa Calipari, viúva do agente Nicola. A jornalista Sgrena disse ter ficado satisfeita com a decisão do juiz. O soldado Lozano não estava na audiência e seu paradeiro é desconhecido, mas réus podem ser julgados à revelia na Itália. O juiz Sante Spinaci marcou para 17 de abril o início do julgamento. A defesa tentou desqualificar o caso, afirmando que Lozano apenas cumpria ordens. "Não esperava por isso, porque acho que havia motivos para um arquivamento, uma vez que ele cumpria ordens", avaliou o advogado apontado pelo tribunal de Lozano, Fabrizio Cardinali. Por enquanto, a procuradoria não buscou a prisão do soldado. Lozano, integrante do 69º Regimento de Infantaria, baseado em Nova York, tem dito através de amigos que não sabia que o carro transportava os italianos. Se condenado, Lozano pode ser sentenciado à prisão perpétua, segundo Francesca Coppi, advogada da viúva Rosa Calipari. O caso tem provocado tensões nas relações entre a Itália e os Estados Unidos. Washington e Roma extraíram conclusões diferentes de investigações do incidente. Autoridades americanas afirmam que o veículo estava em alta velocidade, tendo alarmado os soldados, que temiam ataques insurgentes. Oficiais italianos garantem que o carro estava em velocidade normal e acusaram os militares americanos de atirarem antes de fazerem qualquer sinal para pararem. A morte de Calipari irritou os italianos, que já se opunham amplamente à guerra no Iraque, e o agente foi sepultado na condição de herói nacional.

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