Em pior dia da pandemia, Itália registra 627 mortos em 24 horas

No total, mais de 4 mil italianos já morreram; governo da Lombardia pede que Exército ajude a impor confinamento 

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

ROMA - O número de mortos pela pandemia de coronavírus na Itália deu um salto nesta sexta-feira, 20. Em apenas 24 horas, 627 pessoas morreram. O total de óbitos agora é de 4.032, segundo autoridades, um crescimento de 18,4% em um único dia, o maior em termos absolutos desde o início dos contágios há um mês.

PUBLICIDADE

 Na quinta-feira, a Itália ultrapassou a China como o país a registrar mais vítimas fatais da doença. O número total de infectados pelo coronavírus na Itália subiu para 47.021. Segundo a Agência de Proteção Civil, o caso mais grave é na região da Lombardia, que acumula 2.549 mortes e 22.264 infecções.

Na sexta-feira, a Lombardia solicitou o uso do Exército para impedir que pessoas saiam às ruas, rompendo a ordem de quarentena. O pedido de intervenção foi enviado pelo governador da região, Attilio Fontana, ao primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, e ao presidente, Sergio Mattarella. 

Imigrantes ocupamPiazza dell'Aracoeli, em Roma, durante quarentena para combater coronavírus; país registrou 627 mortes em 24 horas Foto: Vincenzo Pinto/AFP

No início da noite, Mattarella telefonou para o governador e autorizou o uso dos militares, segundo Fontana. “A presença dos militares tem um grande efeito de dissuasão. As pessoas pensam duas vezes antes de sair de casa quando veem passar uma patrulha do Exército”, declarou o governador, durante entrevista ao programa de TV Mattino Cinque. 

De acordo com o governo da Lombardia, a decisão de pedir a intervenção do Exército foi tomada em razão do grande número de pessoas que ainda descumprem as indicações do governo de confinamento. Fontana estima que apenas 40% da população cumpra a quarentena. “Pedi a eles (Exército) que as normas sejam aplicadas de maneira mais rigorosa”, disse Fontana.

O governador ainda indicou a possibilidade de transferir alguns infectados para outras regiões do país, uma vez que o sistema de saúde local está à beira colapso. Apesar disso, ele afirmou que há pouca probabilidade de a medida ser posta em prática. “O resto do país tem seus próprios problemas. Nossos médicos estão no limite, não podem fazer mais. Estou muito preocupado com a possibilidade de que eles, além de enfermeiros e motoristas de ambulância, venham a perecer fisicamente”, alertou. 

Na sexta-feira, o jornal católico Avvenire confirmou que pelo menos dez padres morreram infectados pelo coronavírus na diocese de Bérgamo, uma das cidades da Lombardia mais afetadas pela pandemia. Segundo o periódico L’Eco di Bergamo, outros cinco padres morreram na diocese de Parma, dois em Milão, dois em Cremona e uma em Brescia.

Publicidade

Os relatos são de que muitos sacerdotes estão infectados em todo o país, alguns internados em unidades de terapia intensiva. “Equipados com máscara, gorro, luvas, blusa e óculos, os padres caminham pelos corredores como zumbis”, afirmou Claudio del Monte, padre de uma paróquia de Bérgamo. / REUTERS, EFE e AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.