A saída dos Estados Unidos da Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês) pode ser benéfica para o Brasil, avaliou o subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixador Carlos Márcio Bicalho Cozendey. Como não fazia parte do acordo, o Brasil poderia amargar uma perda potencial nas exportações para os Estados Unidos que, agora, não terá mais.
A decisão tomada pelo presidente Donald Trump não altera a política comercial brasileira. Segundo Cozendey, o Brasil vai continuar a investir na negociação de acordos bilaterais com a União Europeia, Associação Europeia de Livre Comércio e Índia, entre outros. Essas negociações devem obedecer os limites impostos pela participação no Mercosul.
Historicamente, o Brasil sempre apostou em acordos multilaterais, em razão da diversidade de produtos exportados e de parceiros comerciais. Nos últimos anos, no entanto, o País passou a investir em negociações bilaterais por causa de dificuldades na Rodada de Doha.
A resistência dos Estados Unidos é um dos principais motivos que explicam os poucos avanços dessa rodada. Nesse sentido, a retirada da Parceria Transpacífico não chega a surpreender, avalia outra fonte do governo consultada. Além de ser uma promessa de campanha de Trump, confirma a posição americana mais favorável a acordos bilaterais.
Como Brasil e Estados Unidos não têm nenhum tipo de acordo, não deve haver nenhum impacto direto no fluxo comercial entre os países. O maior risco, de acordo com essa fonte, é que Trump reforce o arsenal de políticas de defesa comercial, aumentando as barreiras e ampliando salvaguardas e direitos antidumping contra produtos brasileiros.
A indústria do aço já é um dos maiores alvos desse tipo de protecionismo americano, mas outros setores também podem ser afetados pelas medidas de Trump. Em relação ao setor industrial, como a maior parte das exportações brasileiras ocorre entre unidades das mesmas empresas – processo “intrafirmas” –, não são esperadas grandes mudanças.