Japão captura o último fugitivo do atentado no metrô de Tóquio

Katsuya Takahashi pertence à seita Verdade Suprema, que espalhou, em 1995, um gás tóxico no metrô, matando 13 pessoas e intoxicando 6 mil

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Por EFE
Atualização:

SÃO PAULO - Após 17 anos de busca, a polícia deteve nesta sexta-feira, 15, em Tóquio, o último fugitivo da seita Verdade Suprema, responsável pelo ataque com gás sarin no metrô da capital japonesa em 1995, o pior atentado na história do país.

 

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Em meio a uma enorme expectativa, Katsuya Takahashi, de 54 anos, deixou hoje, cabisbaixo e protegido por um forte contingente policial, a cafeteria situada no bairro de Ota, ao sul de Tóquio, onde foi detido no começo da manhã.

 

Pouco antes, o responsável pelo estabelecimento o reconhecera e não duvidou em avisar à polícia por acreditar estar diante do fugitivo mais procurado do Japão, cujo rosto ainda está estampado em panfletos nas estações do metrô, em escritórios governamentais e aeroportos de Tóquio.

 

Após ser interrogado pela polícia, Takahashi foi levado às dependências da polícia no bairro de Kasumigaseki, onde foi detido.

 

Takahashi é acusado de ser um dos participantes do atentado de Tóquio, no qual vários membros da seita perfuraram várias bolsas de sarin colocadas nos vagões de cinco trens do metrô em plena hora do rush da manhã de 20 de março de 1995.

 

O sarin, uma das armas químicas artificiais mais perigosas, se propagou com rapidez e atacou o sistema nervoso dos viajantes, o que provocou a morte por inalação de 13 pessoas e a intoxicação de mais de seis mil, que ainda hoje sofrem graves sequelas.

 

A polícia estreitara o cerco a Takahashi, cuja captura valia uma recompensa de 10 milhões de ienes (cerca de 100 mil euros), após ter detido há 11 dias Naoko Kikuchi, outra das supostas participantes do atentado.

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Segundo as investigações, Takahashi pode ter vivido de 2001 a 2006 com Kikuchi, de 40 anos, em um apartamento na cidade de Kawasaki, ao sul de Tóquio, onde trabalhou para uma empresa de construção sob uma identidade falsa.

 

Após a detenção da mulher, Takahashi não voltou a aparecer em seu local de trabalho e dias depois a polícia captou sua imagem nas câmeras de segurança de uma filial bancária de Kawasaki, onde retirou 2,38 milhões de ienes (23.780 euros), o que ativou uma ampla operação de busca e captura.

 

Nos últimos seis meses foram detidos os três últimos fugitivos da Verdade Suprema que estavam em liberdade, depois que em 31 de dezembro se entregou em Tóquio outro dos procurados, Makoto Hirata, "cansado de fugir" durante 16 anos.

 

Segundo as investigações, Takahashi foi, junto com o líder da seita Verdade Suprema, Shoko Asahara (cujo nome real é Chizuo Matsumoto), um dos conspiradores do atentado em Tóquio.

 

A Verdade Suprema nasceu em 1984 quando Asahara abriu um pequeno seminário de ioga no bairro de Shibuya, em Tóquio, onde captou membros da elite universitária japonesa.

 

A seita se transformou pouco a pouco em uma poderosa organização subdividida em "ministérios", com capacidade para produzir agentes químicos e armas leves e chegou inclusive a adquirir um helicóptero militar russo.

 

Desde 1996, os tribunais japoneses processaram 189 membros da Verdade Suprema, emitiram cinco penas de prisão perpétua e confirmaram 13 penas de morte, entre elas a de Asahara, embora por enquanto nenhuma das execuções tenha sido realizada.

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