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Japão desafia Pequim ao comprar de particulares ilhas no Pacífico

Disputa por arquipélago com pesca e gás abundantes já reflete no comércio entre os dois países

Por TÓQUIO
Atualização:

TÓQUIO - O Japão fechou acordo com os proprietários privados para a compra de um grupo de ilhas cuja soberania Tóquio disputa com a China. Foi o que anunciou na segunda-feira, 10, um funcionário do governo japonês, um dia depois de o presidente chinês, Hu Jintao, ter alertado Tóquio contra "toda decisão errônea" para afirmar sua soberania.

 

O Japão pretende nacionalizar o mais breve possível as ilhas desabitadas, no leste do Mar da China, para administrá-las de uma maneira "estável e pacífica", disse Osamu Fujimura, secretário de gabinete do governo. As ilhas, chamadas de Senkaku, no Japão, e de Diaoyu, na China, estão próximas de uma rica zona pesqueira e de campos de gás submarinos. O território está no centro de uma antiga disputa territorial entre a segunda e a terceira maiores economias do mundo.

 

"Trata-se apenas da propriedade da terra, que faz parte do território do Japão, transferindo-a de um proprietário (privado) para o Estado. Não deve provocar nenhum problema com outros países", disse Fujimura. "Dito isso, não queremos que o problema das Ilhas Senkaku afete as relações sino-japonesas. Como é importante evitar mal-entendidos e um desdobramento imprevisível da situação, estamos em comunicação direta com a China por vias diplomáticas." A opinião da China é outra. "É ilegal e inválida a compra das ilhas pelo Japão, seja qual for o recurso usado. A China opõe-se firmemente a isso", informou o canal chinês CCTV, citando o presidente Hu Jintao, que teria dito isso ao premiê japonês, Yoshihiko Noda. "A China, de maneira responsável, salvaguardará sua soberania. O Japão precisa entender a gravidade da situação e não tomar uma decisão errada." O premiê japonês decidiu concluir a compra depois que o governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, um duro crítico da China, propôs adquirir as ilhas. Fujimura não revelou o preço de compra, mas, segundo a mídia japonesa, o governo pagaria 2,05 bilhões de ienes (US$ 26,26 milhões). As relações entre as potências asiáticas, deterioradas em razão de um passado de guerras e de disputas por influência regional, têm sido difíceis. A discussão que envolve as ilhas já afetou as vendas das montadoras japonesas no maior mercado automotivo do mundo. Dong Yang, secretário-geral da China Association of Automobile Manufacturers, afirmou em entrevista coletiva que as vendas de carros japoneses caíram em agosto e, na sua opinião, isso se deve ao problema das ilhas. O diretor de operações da Nissan, Toshiyuki Shiga, disse, na semana passada, que a crise teve "impacto" sobre as vendas das montadoras japonesas, uma vez que estavam com dificuldades para realizar grandes campanhas de promoção de vendas no exterior. / AP

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