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Japão: Helicópteros jogam água para tentar esfriar reatores em usina

Governo intensifica esforços para tentar evitar derretimento de bastões de combustível nuclear.

Por BBC Brasil
Atualização:

Helicópteros despejaram milhares de litros de água sobre a usina O Japão anunciou nesta quinta-feira a intensificação dos esforços para resfriar os reatores da usina nuclear Fukushima Daiichi, atingida pelo tsunami da semana passada. Helicópteros do Exército jogaram milhares de litros de água para tentar prevenir o derretimento de bastões de combustível nuclear. Canhões de água deverão ser incluídos na operação nesta quinta-feira. Na noite de quarta-feira, autoridades americanas afirmaram que os danos na usina de Fukushima parecem ser mais sérios do que o divulgado pelo Japão. O tsunami que danificou a usina foi gerado após um terremoto de magnitude 9 que atingiu o nordeste do Japão na sexta-feira. A polícia japonesa confirmou nesta quinta 5.178 mortes em consequência do tremor e do tsunami. Outras 8.606 pessoas continuam desaparecidas. Preocupações Helicópteros militares CH-47 Chinook começaram a jogar toneladas de água nos reatores três e quatro da usina de Fukushima, a cerca de 220 quilômetros de Tóquio, às 9h48 (21h48 de quarta-feira em Brasília), segundo as autoridades locais. As aeronaves descarregaram quatro cargas de água antes de deixar o local para tentar reduzir ao máximo a exposição das tripulações à radiação. Na quarta-feira, os helicópteros haviam sido forçados a abortar uma operação semelhante por conta das preocupações sobre os altos níveis de radiação. Segundo o correspondente da BBC em Tóquio Chris Hogg, os helicópteros podem levar uma grande quantidade de água, mas os fortes ventos na região tornam difícil saber se ela atingiu o local desejado. Avaliação O porta-voz do governo japonês Yukio Edano afirmou, em uma entrevista coletiva, que especialistas em energia nuclear estão agora investigando o resultado da operação. Enquanto isso, caminhões-tanque estão a postos para jogar mais água nos reatores a qualquer momento. A operação tinha como objetivo resfriar os reatores e também repor a água da piscina de resfriamento para bastões de combustível nuclear usados. As autoridades japonesas também dizem esperar restabelecer nesta quinta-feira o suprimento de energia elétrica para a usina, necessária para o sistema de resfriamento e para os geradores de emergência. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, conversou nesta quinta-feira por telefone com o primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, e expressou as preocupações americanas com o desastre. A Casa Branca disse que Obama expressou seus "mais profundos pêsames" pela perda de vidas e disse que o governo americano está "determinado a fazer todo o possível para apoiar o Japão". Os Estados Unidos já preparam aeronaves para ajudar cidadãos americanos a deixar o Japão e autorizaram a saída voluntária de parentes de diplomatas no país. Radiação Em audiência no Congresso americano, em Washington, nesta quarta-feira, o chefe da agência de regulação nuclear dos Estados Unidos, Gregory Jaczko, afirmou que as tentativas de resfriar os reatores da usina de Fukushima estavam enfrentando sérios problemas. "Acreditamos que ao redor do local do reator haja altos níveis de radiação", disse ele. Para o secretário de Energia dos EUA, Steven Chu, a situação em Fukushima Daiichi parece mais séria que o derretimento parcial na usina nuclear de Three Mile Island na Pensilvânia, em 1979. O Departamento de Estado americano pediu aos americanos que vivam a até 80 km da usina japonesa que deixem a área, perímetro muito mais abrangente que a zona de exclusão de 20 km aconselhada pelo governo japonês. O governo japonês classificou a orientação americana como "conservadora". A Grã-Bretanha recomendou aos seus cidadãos que estejam em Tóquio ou ao norte da capital para que considerem deixar a região. A França também pediu aos seus cidadãos em Tóquio que deixassem o país ou se dirigissem ao sul. Dois aviões da Air France foram enviados para retirar cidadãos franceses nesta quinta-feira. O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukio Amano, está viajando ao Japão nesta quinta-feira para avaliar pessoalmente a situação. Problemas Em áreas do nordeste do país gravemente atingidas pelo tsunami, as baixas temperaturas de inverno aumentaram os problemas enfrentados pelos sobreviventes. O governador da província de Fukushima, onde está localizada a usina danificada, reclamou que os abrigos públicos não têm as necessidades básicas, incluindo alimentos quentes. Cerca de 450 mil pessoas estão em abrigos temporários, muitas delas dormindo no chão de ginásios esportivos em escolas. A crise continuou a afetar os mercados financeiros, com uma retração de 1,4% no índice Nikkei, da Bolsa da Valores de Tóquio, que chegou a cair 4,5% durante o pregão. O iene também atingiu ao longo do dia seu maior valor em relação ao dólar desde a Segunda Guerra Mundial. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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