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Japão pede à Coréia do Norte que reveja saída de tratado

Por Agencia Estado
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Em reação às notícias de que a Coréia do Norte abandonou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, a Coréia do Sul qualificou hoje o diálogo com seu rival comunista como uma "questão de vida ou morte". Ao mesmo tempo, o Japão exigiu da Coréia do Norte que reveja sua decisão. A Coréia do Norte anunciou nesta sexta-feira sua retirada do tratado, alegando autodefesa contra uma eventual agressão por parte dos Estados Unidos, mas garantiu que não desenvolverá armas nucleares "neste momento". França, Rússia e Grã-Bretanha condenaram a ação norte-coreana. Segundo o governo britânico, o Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) deveria se reunir em breve para discutir a decisão. A reação inicial dos Estados Unidos foi cautelosa. "De certa forma, não foi uma decisão inesperada", comentou John Bolton, subsecretário de Estado para controle de armas e segurança internacional, durante visita à Tailândia. A China, um dos poucos aliados poderosos da Coréia do Norte, prometeu dar seqüência a seus esforços para resolver o problema de forma pacífica. "Estamos preocupados com este anúncio de retirada do tratado e com as possíveis conseqüências deste ato", disse Zhang Qiyue, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, citado pela agência de notícias Nova China. A Austrália, um aliado próximo dos Estados Unidos, anunciou que enviará na próxima semana uma equipe de diplomatas a Pyongyang, capital da Coréia do Norte. Enquanto isso, os mercados financeiros de Japão e Coréia do Sul reagiam de forma nervosa. O governo sul-coreano convocou uma reunião emergencial de seu conselho de segurança nacional. O presidente Kim Dae-jung, que deixará o cargo em fevereiro, após anos de esforços para reatar os laços com o vizinho do norte, acredita que o diálogo será a chave para a solução. "A questão nuclear é um assunto de vida ou morte", disse Kim. "Devemos ter paciência para resolver este impasse pacificamente." Antes do anúncio norte-coreano, o presidente eleito da Coréia do Sul, Roh Moo-hyun, já havia alertado sobre o risco de punição à Coréia do Norte por seu programa de armas nucleares. Em Tóquio, o secretário de gabinete Yasuo Fukuda declarou: "Nossa nação exigirá da Coréia do Norte uma rápida retratação e uma resposta positiva em favor da solução do problema das armas nucleares." Disseminação Conhecido formalmente como Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, o acordo do qual a Coréia do Norte estará fora a partir de amanhã foi criado para evitar a disseminação de armamentos nucleares e da tecnologia para sua produção. Quando o Tratado de Não-Proliferação Nuclear entrou em vigor, em 5 de março de 1970, existiam cinco potências nucleares declaradas - os Estados Unidos, a ex-União Soviética, a Grã-Bretanha, a França e a China -, os mesmos países que são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Atualmente, Índia, Paquistão e Israel também possuem esse tipo de armamento e são os únicos países que se negam a firmar o tratado. A África do Sul firmou o tratado em 1991 e admitiu ter produzido armas nucleares até 1970. A Coréia do Norte assinou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear em 1985, apesar de ter estado a ponto de abandoná-lo entre 1993 e 1994, antes de firmar um acordo especial com os EUA que lhe garantia o fornecimento de petróleo, de dois reatores de água leve e ajuda financeira em troca do congelamento de seu programa nuclear. O país asiático transformou-se no primeiro dos 188 signatários do tratado a decidir abandonar este acordo multilateral destinado a evitar conflitos nucleares. O tratato, aprovado em Nova York pela Assembléia Geral da ONU em junho de 1968, nasceu com o objetivo de evitar a dispersão e proliferação de armas atômicas. Segundo o texto, os países em posse desse tipo de armas se comprometem a não exportá-las às nações não nucleares e estas a não adquirir material nuclear que possa ser usado para fins militares. Seus signatários também se comprometem a permitir a visita de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para atestar que seus programas nucleares são estritamente pacíficos.

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