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Japão quer ampliar investimentos em cidades destruídas por tsunami

Seis meses após tragédia, premiê Yoshihiko Noda nomeia novo ministro da Economia, que vai rever estratégia nuclear.

Por Ewerthon Tobace
Atualização:

Passados seis meses desde o terremoto e o tsunami que devastaram a região nordeste do Japão, o governo prometeu ampliar os investimentos nas cidades destruídas. Até agora já foram gastos perto de R$ 130 bilhões nos trabalhos de reconstrução. Com um terceiro orçamento extra já em discussão, a previsão é de que o total gasto chegue a R$ 400 bilhões. Nesta segunda-feira, o novo primeiro-ministro Yoshihiko Noda, o sexto a ocupar o cargo em cinco anos, escolheu um novo ministro da Economia, Comércio e Indústria, com a incumbência de rever a política de energia nuclear no Japão. O ex-porta-voz do governo Yukio Edano assume o lugar de Yoshio Hachiro, que renunciou ao cargo no sábado (10) após ter feito comentários inapropriados sobre a crise nuclear. Hachiro chamou a área evacuada próxima da usina de Fukushima de "cidade da morte", observação considerada insensível por aqueles que tiveram de abandonar suas casas por causa do vazamento radioativo. Atualmente, apenas 11 dos 54 reatores nucleares operam normalmente no Japão. Reconstrução Após realizar sua primeira visita às províncias de Miyagi, Iwate e Fukushima, as mais atingidas pelo desastre, o primeiro-ministro japonês prometeu reforçar a reconstrução das áreas assoladas, onde se acumulam ainda mais de 23 mil toneladas de escombros. Milhares de pessoas vivem em abrigos e casas temporárias, e esperam o governo decidir onde serão reconstruídas suas moradias. Noda pediu ao seu gabinete que se concentre em implementar os planos de reconstrução. Ele quer resolver rapidamente também o problema dos que viviam na área ao redor da usina nuclear de Fukushima. Cerca de 80 mil pessoas foram evacuadas de suas casas num raio de 20 km em volta da usina. Autoridades dizem que algumas regiões deverão ficar inabitadas por anos por causa da radiação. No total, 15.774 pessoas morreram no terremoto e tsunami e outras 4.227 continuam desaparecidas. Na região costeira, mais de 115 mil construções foram completamente destruídas. Manifestação O fim de semana no Japão também foi marcado por cerimônias em memória das vítimas e protestos contra o uso de energia nuclear. Yoko Haga foi ao local onde a mãe morava, em Iwaki, província de Fukushima, para rezar. "O corpo dela ainda não foi encontrado", disse à BBC Brasil, visivelmente emocionada. De frente para o mar, a casa foi totalmente destruída. Restaram apenas alguns restos de blocos no chão. "Venho aqui sempre, rezo e fico olhando o mar. Tenho esperanças ainda de poder fazer uma cerimônia de velório para ela", contou a senhora, que diz hoje ter muito medo do mar. "Antes eu gostava. Agora não mais." Em Shinjuku, no centro de Tóquio, cerca de 2.500 manifestantes marcharam em frente à sede da operadora da usina, a Tokyo Electric Power Company (Tepco). Eles pediram desligamento completo das usinas nucleares em todo o Japão. Também exigiram uma nova política energética. A polícia teve trabalho para conter a manifestação e doze pessoas acabaram presas. Outros quatro declararam o início de uma greve de fome de 10 dias para forçar a mudança na política nuclear do país. Protestos semelhantes foram realizados em outras cidades, segundo divulgou a imprensa japonesa. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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