O Japão, que depende do Oriente Médio para quase todo o petróleo que consome, quer ampliar seu envolvimento político na região, em virtude da crescente demanda de China e Índia por energia, disse a chancelaria nesta quarta-feira, 28. O Japão sempre considerou que, por não ter o mesmo peso político dos EUA, poderia estabelecer relações mais amistosas com os países árabes, razão pela qual Tóquio teria um papel especial a desempenhar na região. Isso também já permitiu que o Japão tenha agido como mediador entre Israel e os palestinos, um trabalho que o país pretende enfatizar no futuro, segundo o chanceler Taro Aso. "É impossível que eu exagere na crítica importância para o Japão do Oriente Médio, que nos fornece recursos tão importantes", disse Aso em discurso em Tóquio. Lembrando que em 2006 o Japão importou de lá 89,2% do seu petróleo, Aso acrescentou que a demanda de países como China e Índia - que segundo ele dependem do Oriente Médio para 40% e 60% do seu petróleo, respectivamente - vai ajudar a tornar o mercado do petróleo cada vez mais dominado pelos vendedores. "Como consumidor de petróleo, o Japão deve claramente manter uma presença tangível no Oriente Médio," acrescentou. Aso informou que, como parte dessa política, o Japão vai mediar em março uma reunião com representantes israelenses, palestinos e jordanianos. "É essencial garantirmos e então reforçarmos ao máximo a estabilidade na região, levando a uma ordem mais calma e mais estável", afirmou. "Isso pode ser feito com o pleno uso dos recursos econômicos, intelectuais e diplomáticos do Japão." O então primeiro-ministro Junichiro Koizumi ofereceu assistência econômica e cooperação durante viagem à região, em meados de 2006. Seu sucessor, Shinzo Abe, disse na última terça-feira, 27, esperar que Tóquio ajude a promover a paz e a confiança na região. Tóquio pretende colaborar na construção de um parque agro-industrial na Cisjordânia, resultado das iniciativas de Koizumi. A imprensa diz que Abe pode visitar a região no final de abril ou começo de maio. As autoridades dizem que nada foi decidido, mas Aso afirmou que é necessário ampliar os contatos entre altos escalões do Oriente Médio e do Japão. O país asiático é o segundo maior doador de ajuda aos territórios palestinos, depois dos EUA. Koizumi prometeu no ano passado quase 30 milhões de dólares em ajuda ao presidente Mahmoud Abbas.