Jerusalém lembra Paixão de Cristo com muitos peregrinos

Cidade se preparou para mais visitantes pela coincidência de comemorações

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Por Agencia Estado
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As celebrações da Semana Santa começaram nesta quinta-feira, dia 5, nos santuários que lembram a Paixão de Cristo em Jerusalém, cidade que está repleta de visitantes, pois, além de ter realizado melhorias em sua estrutura de segurança, neste ano a Páscoa católica, a ortodoxa e a judia coincidem, o que atrai um público ainda maior. Na manhã desta quinta, foram realizados na Basílica de Santo Sepulcro uma missa pontifical e um serviço grego-ortodoxo, ambos com a cerimônia do lava-pés. Para a comunidade católica, a Quinta-Feira Santa terminou com os ofícios no Jardim do Getsêmani, que este ano, pela primeira vez, foram transmitidos ao vivo pela televisão, através da emissora "Telepace". A vigília reuniu um grande número de peregrinos que lotaram a Basílica da Agonia. Durante os ofícios da Quinta-Feira Santa nessa Basílica - uma igreja construída nos anos 20 e que combina o néon-clássico com o néon-bizantino - eram jogadas pétalas de rosas, símbolos das lágrimas de Cristo, na pedra sobre a qual, segundo a tradição, Jesus rezou em sua última noite. A leitura foi em latim, espanhol, italiano, inglês, francês, polonês e árabe, a língua dos fiéis palestinos que constituem a maior parte da comunidade cristã ainda residente na Terra Santa. Orações Após a conclusão dos santos ofícios, concelebrados por monges franciscanos, diversos peregrinos beijaram a pedra onde Jesus orou. A cerimônia do lava-pés, na qual os patriarcas das igrejas lembram o gesto praticado por Jesus com seus apóstolos, é, segundo o arcebispo ortodoxo Aristachus, um incentivo à humildade e ao amor ao próximo, que podem ajudar a solucionar os problemas de hoje. O patriarca latino Michel Sabbah, em sua mensagem de Páscoa, também lembrou a importância do "amor e do respeito ao outro" como chaves para resolver os problemas atuais. Em uma referência política mais direta, o patriarca afirmou que o problema da região "em si é simples: dois povos fazem a guerra e um ocupa a casa do outro". A solução também não seria complicada: "que cada um ocupe sua própria casa. Os israelenses, a sua, os palestinos, a sua", disse. As disputas territoriais na terra santa entre as três religiões monoteístas e as várias igrejas cristãs afetam também os lugares sacros. A própria basílica do Santo Sepulcro, na qual cada rito tem seu espaço, sofreu pequenas inundações recentemente devido a obras em uma capela da Igreja Ortodoxa Copta, que se negou a reparar os danos. Os representantes das igrejas ortodoxa, católica e armênica tiveram que recorrer à Prefeitura de Jerusalém. Já nos tempos do Império Otomano, as disputas entre os cristãos pelo Santo Sepulcro eram tantas que se optou por entregar a chave da Basílica a uma família muçulmana, com a qual está até hoje. Via sacra Na sexta-feira, grupos de distintas congregações farão peregrinação pela Via Dolorosa, parando em cada estação para rezar. A Via é um conjunto de ruelas repletas de lojas de souvenirs e outros locais onde a vida continua, alheia às celebrações da Semana Santa. No sábado à noite, os ortodoxos, a maior comunidade cristã da Terra Santa, celebrarão no Santo Sepulcro o "Sábado de Fogo", uma cerimônia na qual os clérigos lembram a Ressurreição, acendendo uma lâmpada de óleo para depois distribuir o fogo aos fiéis. Os católicos também farão sua celebração pela Ressurreição no Santo Sepulcro, mas na manhã seguinte, com uma missa pontifical e uma procissão. O último ato pascal será realizado na segunda-feira na aldeia palestina de Al-Queibe, cerca de 11 quilômetros de Jerusalém, onde os frades franciscanos lembrarão a aparição de Cristo diante dos discípulos de Emaús.

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