03 de julho de 2020 | 22h03
PARIS - O jihadista francês Tyler Vilus, emir do grupo Estado Islâmico e figura destacada nos círculos terroristas franceses, foi condenado nesta sexta-feira, 3, a 30 anos de prisão por crimes cometidos na Síria entre 2013 e 2015.
O presidente do tribunal disse a Tyler Vilus que ele "decidiu não emitir uma sentença de prisão perpétua, o que era possível", apesar de o tribunal o considerar culpado de todos os crimes pelos quais foi acusado, incluindo a execução de dois prisioneiros.
Vilus, de 30 anos, é um dos primeiros de sua geração a viajar para a Síria pela primeira vez desde o fim de 2012 e um dos poucos indivíduos desse grupo que regressou com vida.
O promotor Guillaume Michelin disse que Vilus era "um chefe de guerra" em Hraytan, nos arredores de Aleppo, que participou da liderança de um grupo de combatentes de língua francesa em "operações de limpeza" e foi "parabenizado por sua sangrenta eficiência" por seus companheiros jihadistas.
Vilus, que se converteu ao Islã aos 21 anos, negou qualquer ligação com os ataques de 13 de novembro de 2015 na França, mas reconheceu pela primeira vez que deixou o campo de batalha da Síria para "morrer com armas nas mãos". "No fundo, eu sabia que quando partisse, iria morrer. É um caminho sem volta", disse ele ao tribunal, descrevendo suas emoções ao sair do califado.
O promotor disse ao tribunal que Vilus treinou para matar na Síria, a fim de poder matar aqueles que via como infiéis na França.
Vilus lutou sob o nome de guerra Abou Hafs. Com poucas testemunhas a serem convocadas, a promotoria se apoiou fortemente em vídeos que o Estado Islâmico divulgou on-line para atrair novos recrutas.
Embora os promotores não pudessem provar que Vilus matou pessoas, eles convenceram o tribunal de que ele fazia parte de um grupo organizado. Segundo a lei francesa, a punição é a mesma. Entre as evidências da acusação, um vídeo no qual Vilus é claramente identificado mostrou dois homens forçados a se ajoelhar em uma rua no leste da Síria antes de serem executados.
Vilus disse que apareceu na cena ao sair de uma mesquita e alegou aos cinco juízes da corte que havia renunciado à ideologia assassina do Estado Islâmico. /AFP e REUTERS
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