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Jihadistas decapitam refém francês capturado na Argélia

Fotógrafo e guia turístico foi sequestrado por grupo extremista que declarou apoio ao Estado Islâmico, bombardeado pela França

Por ANDREI NETTO , CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

Mais um refém de grupos extremistas islâmicos foi decapitado ontem, desta vez na Argélia. Sequestrado no domingo, Hervé Gourdel, fotógrafo e guia turístico francês, foi assassinado por membros do grupo Jund al-Khilafa - "Soldados do Califado" -, em resposta aos primeiros bombardeios da Força Aérea da França contra instalações do comando terrorista Estado Islâmico (EI) no norte do Iraque.

Imagem do vídeo em que Gourdel é decaptado pelo grupo Jund al-Khilafa Foto: Reprodução/Reuters

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A morte de Gourdel foi informada por meio de um vídeo postado em redes sociais. Intitulada "Mensagem de sangue para o governo francês", a gravação mostra a entrevista na qual Hollande anunciou os bombardeios e apresenta o refém, cercado de quatro extremistas com rostos cobertos. Um deles lê um "manifesto" no qual acusa "os cruzados franceses criminosos" de agir contra muçulmanos na Argélia, no Mali e no Iraque. A execução ocorre logo após uma última mensagem do francês: "Hollande, você seguiu Obama. Françoise, Erwan, Anouk, meus pais, eu os amo".

O governo da Argélia havia enviado 1,5 mil homens à região de Cabilia, no nordeste do país, para tentar localizar o refém. Forças especiais francesas trabalhavam em possível operação de resgate.

As ameaças contra a vida de Gourdel, de 55 anos, pairavam desde o domingo, quando o grupo deu 24 horas ao governo francês para anunciar a suspensão dos bombardeios no Iraque. Jund al-Khilafa, grupo dissidente da Al-Qaeda do Magreb Islâmico, age desde março e disse obedecer ao chamamento feito por líderes do Estado Islâmico, que ordenaram a morte de americanos e europeus em represália aos ataques aéreos no Iraque e na Síria.

A organização convocou extremistas a matar "um infiel americano ou europeu - em particular os maus e sujos franceses - ou um australiano ou um canadense ou todo cidadão dos países que entraram na coalizão".

Em seu primeiro pronunciamento após a confirmação da morte de Gourdel, François Hollande garantiu que a França vai manter os bombardeios no Oriente Médio. "Hervé morreu porque era francês, porque seu país combate o terrorismo, porque ele representava um povo que defende a liberdade humana diante da barbárie. A França não cede aos terroristas. Minha determinação é total e esse crime apenas a reforça."

Hollande informou ainda que reunirá seu Conselho de Defesa para fixar novos objetivos às operações militares e reforçar a proteção dos franceses em regiões de risco. "As operações militares continuarão o tempo que for necessário", assegurou Hollande, em Nova York, onde participa de reunião da ONU.

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Até agora, os jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff e o agente humanitário britânico David Haines haviam sido vítimas de decapitações, que levaram o Ocidente a agir contra o EI. O assassinato ocorreu no dia em que as forças de segurança da França falharam em deter três jihadistas franceses presos na Turquia e deportados. Todos ingressaram no país pelo Aeroporto de Marselha, passaram pela imigração e não foram importunados até se apresentarem horas mais tarde, de forma voluntária, enquanto agentes os esperavam em outro aeroporto.

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