Jimmy Carter se reúne com número 2 de Pyongyang para libertar americano

Ex-presidente dos EUA intercede por Aijalon Mahli Gomes, preso na Coreia do Norte desde janeiro

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Por JEREMY LAURENCE
Atualização:

O ex-presidente norte-americano Jimmy Carter se reuniu nesta quarta-feira, 25, com o chefe de Estado da Coreia do Norte, após chegar a Pyongyang para uma visita particular, destinada a libertar um norte-americano preso pelo regime local. A TV estatal norte-coreana mostrou Carter ao lado de Kim Yong-nam, oficialmente o chefe de Estado, mas na prática o número 2 do regime, subordinado ao ditador Kim Jong-il. "Eles tiveram uma conversa numa atmosfera calorosa", disse a TV estatal, sem entrar em detalhes sobre o conteúdo. A visita de Carter ocorre num momento turbulento na península, depois do naufrágio de uma corveta sul-coreana, em março, atribuído por Seul e Washington à Coreia do Norte -- que no entanto rejeita a acusação. O ex-presidente, ganhador do Nobel da Paz, e sua comitiva foram recebidos no aeroporto pelo vice-chanceler Kim Kye-gwan, que representa o regime nas negociações multilaterais de desarmamento nuclear, paralisadas há dois anos. O estadista, de 85 anos, foi à Coreia do Norte para obter a libertação de Aijalon Mahli Gomes, condenado meses atrás a oito anos de trabalhos forçados por entrar ilegalmente na Coreia do Norte. A imprensa estatal disse no mês passado que o norte-americano, de 30 anos, havia tentado suicídio. O Departamento de Estado dos EUA afirmou que Carter estava em "viagem particular" para fins humanitários, e que não faria comentários para não colocar em risco o sucesso da missão. No ano passado, o ex-presidente Bill Clinton já havia ido à Coreia do Norte para obter a libertação de duas jornalistas presas por entrarem ilegalmente no país. A imprensa sul-coreana disse neste mês que a Coreia do Norte deseja que Washington envie um representante para discutir uma melhoria nas relações, inclusive com a retomada das negociações multilaterais. O objetivo é levar a Coreia do Norte a abrir mão do seu arsenal nuclear em troca de incentivos econômicos e diplomáticos. O processo envolve Estados Unidos, China, Rússia, Japão e as duas Coreias. Washington e Seul dizem que Pyongyang deveria admitir sua responsabilidade no naufrágio da corveta sul-coreana Cheonan, em março, como pré-requisito para voltar às negociações. Pyongyang insiste na sua inocência. O  afundamento deixou 46 marinheiros mortos.(Reportagem adicional de Kwon Youri, Jack Kim e Brett Cole, em Seul, e de Tabassum Zakaria, em Washington)

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