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Jornada palestina contra ocupação israelense incendeia Cisjordânia e Gaza

Por JERUSALÉM
Atualização:

A violência voltou a tomar ontem partes da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, em meio aos protestos do chamado "Dia da Terra", contra a anexação de territórios palestinos por Israel. Houve arremesso de pedras, de um lado, e disparos com balas de borracha e gás lacrimogêneo, de outro. Dezenas de palestinos ficaram feridos. Em Gaza, um jovem que teria se aproximado da fronteira foi morto a tiros.O governo israelense temia que os protestos atingissem a intensidade do Dia da Terra do ano passado, quando 38 manifestantes foram mortos na Cisjordânia e nas fronteiras com o Líbano e a Síria. Desta vez, porém, a violência foi menos intensa.A data costuma ser marcada por protestos de árabes-israelenses e palestinos contra as políticas de expansão de Israel, como a construção de assentamentos na Cisjordânia e casas de colonos em Jerusalém Oriental. Em antecipação, forças israelenses tomaram postos logo no começo do dia de ontem.O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que forças israelenses mataram com um disparo Mahmoud Zaqout, de 21 anos, e feriram com gravidade pelo menos um outro palestino. Eles participavam de uma manifestação organizada pelo Hamas, que controla o território, diante do principal posto de fronteira entre Gaza e Israel.O Exército israelense disse ter efetuado disparos de advertência antes de atingir Zaqout, conforme prevê a lei militar de Israel. Israel também alega que projéteis de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral foram disparados para dispersar a multidão antes da morte do palestino. Segundo o Hamas, 38 pessoas ficaram feridas nos confrontos em Gaza. Israel coloca o número em 29. No sul do Líbano, palestinos reuniram-se no Castelo Beaufort, construção do tempo das cruzadas que fica a 15 quilômetros da fronteira com Israel. As forças libanesas não permitiram que o grupo chegasse até a fronteira com Israel, como ocorreu no ano passado. Na Jordânia, milhares de manifestantes aproximaram-se da fronteira com a Cisjordânia, sob os gritos de "morte a Israel". A fronteira é controlada por Israel. Não houve feridos.Qalandyia. Ao meio-dia, manifestantes palestinos tomaram posição em áreas de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia. Parte da multidão entrou em confronto com tropas israelenses: palestinos atiraram pedras contra as forças de segurança, que responderam com tiros de munição de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral.Um dos piores confrontos ocorreu no posto de segurança de Qalandyia, que liga Jerusalém à Cisjordânia. Entre os feridos no confronto está Mustafá Barghuti, político independente que ficou em segundo lugar nas eleições palestinas de 2005, atrás do atual presidente, Mahmoud Abbas.O Estado conversou com Barghuti enquanto ele recebia tratamento em um hospital de Jerusalém, ferido na cabeça e nas costas pelos disparos de forças israelenses. "Fazíamos uma marcha pacífica em Qalandyia, quando, do nada, eles abriram fogo contra nós", disse.Barghuti afirmou que o objetivo da manifestação era denunciar a expansão israelense em território árabe e lutar pela "unificação de Jerusalém" - o líder palestino defende a união da Cidade Santa sob um sistema de soberania compartilhada. Israel diz que suas forças responderam ao serem atingidas por pedras em Qalandyia. / REUTERS, COM ROBERTO SIMON

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