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Jornais publicam páginas em branco em protesto no Equador

Diários criticam decisão judicial que puniu veículo por artigo no qual Correa é chamado de ditador; repúdio continua

Por Efe
Atualização:

Os jornais equatorianos Hoy e El Comercio publicaram ontem colunas em branco em protesto pela decisão judicial que condenou um ex-jornalista e três diretores do diário El Universo a 3 anos de prisão e a multa de US$ 40 milhões por crime de injúria contra o presidente Rafael Correa. As colunas opinativas do El Comercio saíram em branco, apenas com títulos críticos à decisão do juiz Juan Paredes e uma frase. Em editorial, o jornal criticou a rapidez da sentença, que qualificou como insólita, e instou o concorrente a seguir trabalhando pelo direito à livre informação e à opinião. "Começa uma longa etapa de uma disputa judicial que, em condições normais, levaria anos. Mas se sabe que aqui impera uma grande pressão política", diz o El Comercio. O diário Hoy optou por tornar quase ilegíveis seus artigos, com títulos contra a decisão sobrepondo-os. "Pretendem calar a opinião livre, plural, independente e o pensamento próprio", afirma um deles. Correa chegou na quinta-feira à noite a Cuba, onde se reuniu com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e os irmãos Raúl e Fidel Castro. Apenas uma foto foi divulgada do encontro pela imprensa estatal cubana. Críticas. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) manifestou sua preocupação com a medida e lembrou que ela contraria a Declaração de Princípios da Liberdade de Expressão do órgão, da qual o Equador é signatário. Em comunicado divulgado na quinta-feira, o órgão diz que funcionários públicos estão naturalmente mais expostos ao escrutínio público e, portanto, deveriam ser mais tolerantes às críticas. "As leis de privacidade não devem inibir, nem restringir, a difusão de informação de interesse público", diz o comunicado. "Na arena do debate sobre temas assim, são protegidas não só as opiniões bem recebidas pela opinião pública como também as que irritam funcionários públicos, ou um setor qualquer da população."O motivo do processo foi o artigo "Não à mentira" publicado pelo El Universo e assinado pelo ex-editor de opinião Emilio Palacio no qual Correa é chamado de ditador. O texto se referia à invasão do Exército para resgatar o presidente do hospital no qual foi preso por policiais rebelados em 30 de setembro."O ditador deveria lembrar, por fim, e isso é muito importante, que com o indulto (aos envolvidos no motim), no futuro, um novo presidente - talvez inimigo dele - poderia processá-lo por ter ordenado abrir fogo indiscriminadamente e sem aviso prévio contra um hospital cheios de civis inocentes. Os crimes contra a humanidade - que ele não se esqueça - não prescrevem", diz o trecho contestado por Correa na Justiça.

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