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Jornal alemão publica notas do diário de um dos principais líderes nazistas

Um dos relatos detalha que Heinrich Himmler fez uma massagem terapêutica, participou de algumas reuniões e telefonou para sua mulher e filha antes de ordenar a morte de várias famílias polonesas

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Por Redação
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BERLIM - Jantares, família, discursos e visitas aos campos da morte. O diário de Heinrich Himmler, publicado nesta semana pelo jornal alemão Bild, revela detalhes chocantes do cotidiano de um dos principais responsáveis pelo Holocausto.

As notas datilografadas, encontradas na Rússia em 2013, descrevem a atividade frenética, às vezes a cada 15 minutos, de um dos líderes nazistas mais próximos de Adolf Hitler e um dos planejadores do extermínio dos judeus.

A foto mostra um dormitóriocoletivode judeus em umcampo de concentração na Polônia, em 1943. Durante a Segunda Guerra Mundial milhões de judeus foram perseguidos e mortos por tropas nazistas comandadas pelo Adolf Hitler. Muitos eram levados a campos de concentração e submetidos a condições subumanas antes de serem enviados às câmaras de gás. Cerca de 6 milhões de judeus foram mortos no Holocausto Foto: AP

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"Os documentos ajudam a ordenar de maneira mais clara os fatos e a entender quem participou das decisões do regime", explicou Matthias Uhl, pesquisador do Instituto Histórico Alemão de Moscou, que trabalha com os documentos. "Agora podemos dizer exatamente com que pessoa Himmler se reuniu a cada dia, onde estava, quem eram seus colaboradores mais próximos."

Os textos, encontrados nos arquivos do Ministério de Defesa russo, cobrem os anos 1938, 1943 e 1944. O instituto alemão quer publicar uma versão com notas no fim de 2017 ou início de 2018. Os diários de 1941 e 1942 foram descobertos em 1991 na Rússia, onde estão arquivados mais de 2,5 milhões de documentos da Wehrmacht, o Exército da Alemanha nazista.

"Ficamos surpresos com a necessidade de Himmler de se envolver em cada pequeno detalhe", disse Uhl. Graças a estes documentos, descobriu-se que quem orquestrava o horror nazista era um homem familiar.

No dia 3 de janeiro de 1943, Himmler fez uma massagem terapêutica, participou de várias reuniões e telefonou para sua mulher e filha antes de ordenar, por volta da meia-noite, a morte de várias famílias polonesas.

"O número de contatos, assim como as tentativas de Himmler de aumentar sua influência, graças às SS, nas principais instâncias do partido, do Estado e do Exército são impressionantes", comentou Uhl.

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Segundo o Bild, Himmler se reuniu com mais de 1,6 mil pessoas entre 1943 e 1945. "Tentou, durante a guerra, estender seu poder", explicou o historiador.

Os secretários de Himmler também anotavam suas visitas frequentes aos campos. No dia 10 de março de 1938, um dia após uma visita a Dachau, Himmler foi a Sachsenhausen, nos arredores de Berlim, com o responsável pela propaganda nazista, Joseph Goebbels. No dia 12 de fevereiro, inspecionou o campo de extermínio de Sobibor.

"Himmler queria ter uma demonstração da 'eficácia' do extermínio com gás", escreveu o jornal alemão. Nos trechos publicados também figuram aspectos de sua vida privada, como no dia 3 de março de 1943, quando depois de uma série de encontros e reuniões terminou seu dia "olhando as estrelas" das 0h às 0h15.

"O homem que planejou o Holocausto organizava sua vida de forma obsessiva. Entre o gás, as ordens de execução e as milhares de reuniões, se dedicava a sua família, a sua amante e a seus passatempos", acrescentou o Bild. / AFP

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