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Jornal dinamarquês nega que irá publicar charges sobre o holocausto

Direção do Jyllands-Posten desmente editor que anunciou publicação de caricaturas simultaneamente a jornal iraniano

Por Agencia Estado
Atualização:

Após adiantar a intenção de reproduzir caricaturas do holocausto simultaneamente com um jornal iraniano, o diário dinamarquês que deu o estopim para a polêmica das charges de Maomé resolveu voltar atrás. Na manhã desta quarta-feira, o editor que autorizou a publicação dos desenhos no Jyllands-Posten disse à CNN que estaria coordenando a publicação simultânea de caricaturas do genocídio nazista com o jornal iraniano Hamshahri. A publicação, que é administrada pelo governo de Teerã, informou recentemente que irá promover uma competição para testar se o conceito de liberdade de imprensa do ocidente se aplica também ao genocídio nazista. "O meu jornal está tentando estabelecer um contato com o jornal iraniano e se tudo der certo nós iremos publicar os desenhos no mesmo dia que eles", disse na manhã desta quarta-feira o responsável pelo suplemento de cultura do Jyllands-Posten, Flemming Rose, em entrevista à rede de TV americana CNN. Os desenhos por trás da polêmica foram publicados pela primeira vez pelo jornal dinamarquês em setembro. Na medida em que os protestos começaram a crescer entre as populações de origem muçulmana, um grande número de jornais europeus reproduziram as caricaturas em nome da liberdade de expressão, provocando manifestações maiores e mais violentas. Segundo Rose, a idéia de publicar as caricaturas surgiu após vários casos locais de auto-censura envolvendo pessoas que temiam represálias dos muçulmanos. "Havia uma história e nós resolvemos publicá-la", ele disse. "Nós apenas escolhemos fazer isso de uma forma diferente, seguindo o princípio de ´não fale; mostre´", completou. Mas no transcorrer da quarta-feira, no entanto, a direção do Jyllands-Posten resolveu reagir às declarações de Rose. "Nós não iremos publicar, sob nenhuma circunstância, desenhos sobre o holocausto publicados por um jornal iraniano", disse Carsten Juste, editor-chefe da publicação. Em um comunicado em inglês divulgado no website do jornal, Juste esclarece que a reprodução de desenhos do holocausto "não acontecerá até que o Jyllands-Posten possa avaliar se a publicação dos desenhos está de acordo com os padrões do jornal". Caso a decisão seja pela publicação, Juste adiantou que a medida servirá "apenas como documentação jornalística, da mesma maneira que o jornal recentemente publicou desenhos veiculados na imprensa árabe". Mais cedo, Flemming Rose falou sobre sua decisão em publicar as charges: "Eu não me arrependo. É como perguntar se uma vítima de estupro se arrepende de ter usado uma saia curta. Na nossa cultura, se alguém usa uma saia curta não significa que essa pessoa está convidando todo mundo a manter relações sexuais. No caso dos desenhos, se você tira sarro das figuras religiosas, isso não significa que você quer humilhar, denegrir ou marginalizar uma religião".

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