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Jornal diz que Brasil ajudou golpistas chilenos

Por Agencia Estado
Atualização:

A colaboração da inteligência militar brasileira foi decisiva para os golpistas chilenos em 1973, ao assegurar-lhes que o Peru não decretaria guerra ao Chile se neste país houvesse uma guerra civil como resultado do levante militar. A informação foi publicada hoje pelo jornal chileno La Tercera. O Peru, aliado com a Bolívia, perdeu parte de seu território em uma guerra contra o Chile em 1879. O jornal afirma que um dos rebelados contra o governo do presidente socialista Salvador Allende, o almirante José Merino, chefe da Armada, enviou ao Brasil um oficial disfarçado de empresário para entrar em contato com os serviços de inteligência brasileiros, em agosto de 1973, um mês antes do golpe. O La Tercera não identifica o oficial, apenas afirma que, depois, ele ocupou um alto cargo no regime militar que se prolongou até 1990, encabeçado pelo general Augusto Pinochet. O emissário cumpriu com sua tarefa e voltou ao Chile com a seguinte resposta dos serviços de inteligência brasileiros: ?Não devem se preocupar. O Peru não vai tomar nenhuma atitude?, afirma a reportagem. Brasil foi o primeiro a reconhecer novo governo O golpe militar chileno se concretizou em 11 de setembro de 1973 e, naquela mesma tarde, na Escola Militar, uma junta militar de governo assumiu o poder. Na cerimônia, estava o embaixador brasileiro no Chile, Antonio de Câmara Canto. O Brasil foi o primeiro país a reconhecer o novo governo. O jornal conta que, menos de uma semana depois do golpe, o mesmo emissário que viajou ao Brasil foi visitado por um general brasileiro que tinha o nome de Castro e seria o número dois do Serviço Nacional de Informação do Brasil. Ele tinha como missão recuperar seus agentes infiltrados entre os muitos exilados brasileiros que haviam se refugiado no Chile e que não davam sinais de vida desde o dia do golpe. Antes de regressar ao Brasil, Castro informou que o Brasil havia autorizado um empréstimo de US$ 100 mil ao novo regime. Um mês depois do golpe, o encarregado da Central de Inteligência Americana (CIA) em Santiago, enviou um ofício a Washington contando que dois detidos brasileiros revelaram que tinham sido interrogados por homens que falavam o português fluentemente. ?Começaram assim as versões de que o Brasil também assessorou os militares chilenos quanto aos interrogatórios e técnicas de tortura no início do regime militar?, conclui a reportagem.

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