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Jornalista brasileira é detida em protestos no Equador e tem visto suspenso

Manifestantes protestam contra medidas do presidente Rafael Correa e exigem o fim de um pacote de emendas constitucionais

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Por Redação
Atualização:

QUITO - (Atualizada às 18h20 do dia 17) A jornalista brasileira Manuela Picq, correspondente da rede Al-Jazeera no Equador, ficou ferida e foi detida durante uma manifestação contra o presidente Rafael Correa em Quito na noite de quinta-feira. A repórter, que também tem passaporte francês, teve seu visto suspenso e recebeu um comunicado das autoridades dizendo que poderia ser deportada. 

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Esclarecimento 

A foto postada acima distribuída nas redes sociais pelo movimento Vamos Juntos, do Equador, não se refere aos maus-tratos sofridos pela jornalista e professor Manuela Lavinas Picq durante sua detenção em Quito, na semana passada. De acordo com a família dela, os hematomas da imagem foram resultado de um acidente anterior. Em consonância com as normas da Associação Nacional de Jornais (ANJ), o 'Estado' não retirará a imagem já publicada. 

Sites equatorianos divulgaram cópias do documento dizendo que o visto dela tinha sido cancelado. Ela também confirmou a informação em seu perfil no Facebook. Na última mensagem que postou ontem, Manuela disse que estava esperando por um “falso julgamento”, mas estava bem. “Vinte e quatro horas loucas. Melhor que um filme do Bruce Willis”, escreveu, em inglês.

O jornal equatoriano La República afirmou ontem que Manuela foi capturada por policiais antimotim no centro de Quito, nas ruas Cuenca e Chile. Em seguida, foi levada para a Direção de Imigração após deixar o Hospital da Polícia, onde passou a madrugada. No Twitter, organizações que participavam do protesto divulgaram fotos de Manuela com um ferimento no rosto.

Manuela é companheira do líder indígena Carlos Pérez Guartambel, presidente da Ecuarunari. Ele também participava dos protestos e foi preso, mas libertado na manhã de ontem.

Segundo a ONG Fundação Andina para a Observação e Estudo dos Meios (Fundamedios), Manuela reside no Equador há oito anos e também é professora da Universidade de San Francisco.

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Os protestos começaram na quinta-feira e até ontem havia “67 policiais feridos e 47 manifestantes presos”, segundo o vice-ministro de Segurança Interna, Diego Fuentes.

Indígenas, organizações sindicais e políticas protagonizaram uma intensa jornada de manifestações, que incluiu o bloqueio de vias. Eles exigiam o fim de um pacote de emendas constitucionais que permitiria a Correa, no poder desde 2007, ser candidato nas eleições de 2017.

Em discurso a seus seguidores, Correa disse que os protestos foram um “fracasso” e ele “não se submeterá a chantagens” de seus adversários.

"Temos como saldo 67 policiais feridos”, disse Fuentes em entrevista para o canal Ecuador TV. Manifestantes enfrentaram os policiais munidos de bastões e pedras, quando tentavam romper o cerco de simpatizante de Correa. Eles também bloquearam estradas e atearam fogo em pneus. Para controlar a situação, a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo.

Apesar dos confrontos, os serviços de transporte, educação, saúde e justiça funcionaram normalmente, mas muitas pessoas evitaram sair de casa em razão dos protestos.

Quito enfrenta a onda de protestos mais intensa contra o governo desde a rebelião policial em setembro de 2010, que deixou dez mortos e foi considerada por Correa uma tentativa de golpe de Estado.

A polícia calculou que cerca de 20 mil pessoas estavam nas ruas gritando “Fora, Correa, fora!”. Opositores indígenas afirmaram que continuarão participando das manifestações até que o presidente reconsidere sua estratégia.

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“Convocamos o povo equatoriano com base nesta unidade a radicalizar essa luta”, disse Jorge Herrera, presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie). /AFP

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