LONDRES - Um jornalista veterano do jornal The Sun foi demitido nesta quinta-feira, 21, em meio ao escândalo dos grampos telefônicos do extinto News of the World. Ambos os tabloides pertencem ao grupo de Rupert Murdoch.
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Em um comunicado, a News Corporation confirmou que o editor Matt Nixson foi demitido por suas ligações com antigo News of the World, onde o jornalista havia trabalhado.
Nixson não é o primeiro a perder o emprego. A diretora-executiva do News International (braço britânico do grupo de Murdoch), Rebekah Brooks, também não resistiu ao escândalo e pediu demissão na última semana. Ela chegou a ser presa por envolvimento no caso. O escândalo estourou há duas semanas, quando o jornal The Guardian revelou que um detetive contratado pelo News of the World havia grampeado o celular da adolescente Milly Dowler, desaparecida em 2002. A manipulação das mensagens, em busca de furos jornalísticos, fez a polícia e a família da garota acreditarem que ela ainda estivesse viva, prejudicando as investigações. Nos dias seguintes, a imprensa revelou que até 4 mil pessoas, entre celebridades, membros da realeza, familiares de militares mortos no Afeganistão, no Iraque e nos atentados de julho de 2005 em Londres teriam sido grampeados. O caso levou ao fechamento do News of the World, o jornal de 168 anos, com maior tiragem na Grã-Bretanha.
Parlamento
Além de provocar o fechamento do News of the World, o escândalo dos grampos também respingou no governo do primeiro-ministro David Cameron, que chegou a empregar o ex-editor-chefe do tabloide, Andy Coulson, como seu assessor de comunicação. Cameron virou alvo da oposição no Parlamento e se disse arrependido por haver contratado Coulson.
Os parlamentares também convocaram Rebekah Brooks a dar explicações na Câmara dos Comuns. Ela admitiu que o jornal contratava detetives, mas negou ter tido contato com algum deles enquanto foi editora-chefe do News of the World, bem como disse ter tido conhecimento do caso Milly Dowler apenas quando o escândalo veio à tona.
Brooks depôs no parlamento logo após o magnata Rupert Murdoch e o seu filho, James Murdoch. O dono do conglomerado pediu desculpas pelo escândalo, mas se eximiu de culpa. Durante o depoimento, ele foi atacado por um homem que empunhava um prato de papel com espuma de barbear, em formato de torta. O homem, identificado como Jonnie Marbles, foi detido.
Quem também não resistiu à crise foi o chefe da polícia metropolitana de Londres, Paul Stephenson. Ele renunciou ao cargo por ter contratado o ex-jornalista do tablóide, Neil Wallis, como consultor de relações públicas da força policial.
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