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Jornalistas franceses mantidos pelo Taleban desde 2009 são libertados

Reféns foram capturados em região remota do Afeganistão quando trabalhavam em um documentário

Por BBC Brasil
Atualização:

Dois jornalistas franceses que tinham sido capturados pelo Talebã no Afeganistão foram libertados depois de passarem 18 meses em cativeiro. O cinegrafista Stephane Taponier e o repórter Herve Ghesquiere desembarcaram em uma base aérea militar nos arredores de Paris, nesta quinta-feira e foram recebidos por suas famílias. Taponier e Ghesquiere e um dos três jornalistas afegãos que também foram capturados pelo Talebã, incluindo o intérprete dos dois, Reza Din, foram libertados na quarta-feira. As autoridades francesas informaram que não foi pago nenhum resgate. Os jornalistas foram capturados junto com colegas afegãos perto de Cabul em 2009, quando trabalhavam para um canal de televisão francês. Taponier e Ghesquiere estavam trabalhando para a rede estatal France-3 e eram os reféns ocidentais mantidos há mais tempo no Afeganistão. Os dois foram mantidos em locais separados na maior parte do ano passado, mas receberam rádios. "Fomos separados e, depois de três meses, deram um rádio para cada. Herve conseguia pegar a BBC, eu recebia a RFI (Radio France Internacional) de vez em quando", disse Taponier. "Sabíamos o que estava acontecendo, o apoio de casa, as mensagens de apoio. Então isso foi muito importante para nós (...) pois estávamos vivendo em uma bolha, uma bolha ausente da vida, e este rádio e as notícias eram um contato com a vida para nós", acrescentou. Os dois também informaram que conversavam com os captores, discutindo relações entre homens e mulheres e também a razão de ter sido capturados como reféns do Talebã. "Nunca fomos ameaçados de morte, nunca fomos espancados", disse Ghesquiere. "Há muitos reféns no mundo e temo pelos que são mantidos assim, e também por aqueles que morreram tentando resgatá-los." "Até que você tenha sido um refém, você não consegue entender e eu realmente sinto muito, pois acabou para nós mas ainda está acontecendo com eles", acrescentou. Líbano Segundo o correspondente da BBC em Paris Christian Fraser, Ghesquiere e Taponier foram os reféns franceses que passaram o maior tempo em cativeiro desde a crise do Líbano, nos anos 80. Ao todo os dois jornalistas ficaram presos por 547 dias. Herve Ghesquiere passou oito meses em confinamento solitário. Os dois foram capturados pelo Talebã em dezembro de 2009 enquanto faziam um documentário para a rede France-3, depois de viajar para uma área remota da província de Kapisa, viajando para a região contra as recomendações de seus editores. A área onde os dois jornalistas trabalhariam é conhecida localmente como "Buraco Negro". No entanto, Ghesquiere afirmou que não se arrepende de ter ido trabalhar no Afeganistão. "Era algo que eu sempre quis fazer. Não quero voltar ao Afeganistão amanhã mas (...), mais do que nunca, quero continuar com este trabalho." Nos últimos dias em que ficaram presos, os franceses foram levados à pé em longas caminhadas entre as montanhas, até chegar a uma área onde puderam se comunicar com outras pessoas. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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