Jornalistas que cobrem o combate ao EI no Iraque e na Síria são alvo dos jihadistas

Profissionais enfrentam o risco de trabalhar entre tiros, além de explosões de bombas e carros-bomba; ONG afirma que desde o início da ofensiva, ao menos sete repórteres morreram e mais de 40 foram feridos em Mossul

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Por Redação
Atualização:

MOSSUL, IRAQUE - A morte recente de um jornalista francês e outro iraquiano em Mossul evidenciou os inúmeros riscos enfrentados pelos profissionais que cobrem a luta contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria, onde os profissionais em algumas ocasiões foram alvo dos ataques dos terroristas.

Desde 17 de outubro, quando tiveram início as operações militares para expulsar os radicais de Mossul - bastião do EI no Iraque - e de sua província, Ninawa, os jornalistas foram vítimas de várias agressões. Ao longo deste tempo, os membros da imprensa que cobriram os eventos enfrentaram ataques e tentativas de sequestro por parte de células dos extremistas.

Desde o início do cerco a Mossul, a fase mais complicada na cobertura midiática está sendo a atual, já que ocorre no oeste da cidade, onde se concentram os últimos remanescentes do EI Foto: AFP PHOTO / MOHAMED EL-SHAHED

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Os jornalistas não só têm que enfrentar o risco de trabalhar entre tiros, mas também explosões de bombas e carros-bomba dos jihadistas.

No caso do francês Stéphane Villeneuve e do curdo-iraquiano Baktiar Hadad, que morreram nesta semana, o trágico desfecho ocorreu em razão da explosão de uma mina, que também feriu a francesa Véronique Robert, quando preparavam uma reportagem sobre as operações militares em Mossul para o programa "Envoyé Spécial".

O responsável da ONG Observatório Iraquiano da Liberdade de Imprensa, Ziad al Ayili, disse que, desde o início da ofensiva, ao menos sete jornalistas, entre eles dois estrangeiros, morreram e outros 44 foram feridos pelo EI em Mossul.

Al Ayili afirmou que sua organização pediu "em inúmeras ocasiões" aos membros das forças iraquianas conjuntas que não colocassem os jornalistas na primeira linha da ofensiva, "pois os franco-atiradores (do EI) os têm como alvo".

Desde o início do cerco a Mossul, a fase mais complicada na cobertura midiática está sendo a atual, já que ocorre no oeste da cidade, onde se concentram os últimos remanescentes do EI.

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As forças iraquianas proibiram algumas agências de notícias estrangeiras de cobrir a ofensiva nessa região por motivos desconhecidos. Por não contarem com veículos blindados, muitos repórteres acessam a região em seus carros próprios, o que é muito perigoso.

As forças iraquianas colocam à disposição um comboio de cinco carros blindados, mas em algumas ocasiões não é o suficiente para levar todos os jornalistas e os que ficam fora por falta de espaço se veem obrigados a levar seus próprios veículos para cobrir a batalha.

"Não há coordenação entre as forças militares e o escritório de informação militar sobre o tema da cobertura da imprensa", apontou o diretor do Centro de Defesa dos Direitos dos Jornalistas, Rahman Jarib. Ele se queixou que as tropas "não indicam bem aos jornalistas os lugares que são perigosos".

Nesse sentido, Jarib exigiu das forças iraquianas que protejam os profissionais na cobertura dos combates e pediu aos veículos de comunicação que forneçam equipamentos de segurança aos profissionais.

Os jornalistas que cobrem a batalha no oeste de Mossul têm de entrar em contato com o escritório de imprensa das operações conjuntas com um dia de antecedência para que seja autorizada a cobertura junto às forças iraquianas.

No caso de Raqqa, bastião do EI na Síria, a cobertura é coordenada pelas Forças da Síria Democrática (FSD), a aliança armada liderada por milícias curdas que desde novembro desenvolve uma ofensiva na província.

Poucos jornalistas estrangeiros conseguiram chegar à região, e a maioria dos que cobrem o ataque são jornalistas locais que entram infiltrados com as FSD. / EFE

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