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Jornalistas são presos nos EUA por se recusarem a divulgar fontes

Repórteres são condenados a 18 meses de prisão por preservar sigilo de fontes em caso de uso esteróides por atletas

Por Agencia Estado
Atualização:

A confidencialidade das fontes jornalísticas voltou a sofrer um duro golpe nos Estados Unidos quando dois redatores do jornal "San Francisco Chronicle" foram presos por se recusarem a entregar à justiça as fontes que forneceram o depoimento do jogador de beisebol Barry Bonds. Os jornalistas Lance Williams e Mark Fainaru-Wada, responsáveis por revelar o escândalo dos Laboratórios Balco, acusado de fabricar e distribuir uma nova versão de esteróides sintéticos, foram condenados a 18 meses de prisão por se negarem a divulgar suas fontes. Williams e Fainaru-Wada foram categóricos diante do juiz Jeffrey White, encarregado do caso, quando explicaram suas convicções profissionais e o direito de manter o sigilo de suas fontes, assegurado pela Constituição americana. O juiz respondeu que "ninguém está acima da lei" e que eles tinham violado a lei ao publicar depoimentos de Bonds e de outros atletas, que falaram sobre o possível consumo de esteróides e outras substâncias proibidas. Os dois jornalistas responderam desde o princípio que preferiam ser presos a traírem suas fontes e seus valores morais e profissionais. White disse que o tribunal acreditava que os jornalistas reconsiderariam sua posição quando enfrentassem a dura realidade de perder a liberdade. Livro revelou escândalo Williams e Fainaru-Wada publicaram uma série de artigos e um livro baseado em transcrições dos depoimentos de Bonds e de outros jogadores para o júri de instrução que investigava o caso Balco. A empresa, que supostamente produzia apenas suplementos nutricionais, estava sendo acusada de comercializar esteróides. Alguns dos diretores da Balco já cumpriram alguns meses de prisão e estão em liberdade condicional. O treinador pessoal do jogador de beisebol, Greg Anderson, também está preso, por motivo similar ao dos repórteres. Williams disse que sua obrigação era manter a promessa que fez às pessoas que o ajudaram a conseguir a informação e que não trairia sua palavra. "Mantenho minhas promessas quando as pessoas me ajudam e confiam na minha palavra", disse no tribunal. Promotores federais pediram ao juiz White que ordene a prisão dos repórteres enquanto durarem os trabalhos do júri que investiga o vazamento à imprensa ou até que estes aceitem depor. O vice-presidente executivo do "San Francisco Chronicle", Phil Bronstein, que esteve ao lado dos dois jornalistas o tempo todo, disse que era uma tragédia prender dois profissionais que fizeram um excelente trabalho. "Precisamos de uma lei federal que proteja os jornalistas com urgência, para que não tenham que revelar suas fontes de informação", ressaltou Bronstein.

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