Jospin sai da disputa pela candidatura socialista ao governo

Ségolène Royal é a grande favorita nas primárias do partido Socialista da França

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Por Agencia Estado
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O ex-primeiro-ministro francês Lionel Jospin deixou nesta quinta-feira a corrida para a candidatura socialista à presidência da França em 2007, e descartou apoiar a grande favorita nas pesquisas, Ségolène Royal, nas primárias de seu partido. Como "não posso unir" os socialistas, "não quero dividir (o partido) e, portanto, não serei candidato" à candidatura do partido Socialista (PS), anunciou Jospin, de 69 anos, acabando assim com o "suspense" que mantinha há meses sobre seu possível retorno à Política. Jospin, que anunciou sua retirada da vida pública após a derrota para o ultradireitista Jean-Marie Le Pen no primeiro turno das eleições presidenciais de 2002, era visto agora, segundo analistas, como um salvador diante das divisões do PS. Mas sua possível entrada na disputa não criou nenhuma dinâmica entre os militantes e simpatizantes socialistas - as pesquisas o situavam em segundo, muito longe de Royal -, nem na opinião pública. Depois de "pensar muito", Jospin decidiu não se apresentar, como antecipou a seus aliados mais próximos na noite da quarta-feira em um jantar, e explicará aos militantes do PS em carta que enviará ainda nesta quinta-feira. Anunciada pela emissora RTL às vésperas da abertura, neste sábado, do prazo (até 3 de outubro) para a apresentação de solicitações à candidatura socialista para o Palácio do Eliseu, a decisão de Jospin foi recebida com alívio no partido. O líder do PS e companheiro de Royal, François Hollande, elogiou uma decisão "sensata" e cheia de "responsabilidade", porque - disse - "o único dever" dos socialistas hoje é se unir para ganhar em 2007. Um dos porta-vozes de Royal, o eurodeputado Gilles Savary, considerou "lúcida" a decisão que, acredita, evita "uma saída indigna da grande folha de serviços" do ex-primeiro-ministro, e insistiu a ele que "acompanhe o movimento de união" em torno da presidente regional de Poitou-Charentes. Outro porta-voz de Royal, Arnaud Montebourg, viu no anúncio de Jospin "um primeiro passo decisivo em direção à unidade dos Socialistas". Mas o ex-primeiro-ministro deixou claro que não apoiará Royal (cujo nome não pronunciou nesta quinta-feira) na votação de 16 de novembro - ou no dia 23, se houver segundo turno - dos militantes para designar o candidato do PS nas eleições presidenciais de abril e maio de 2007. Jospin, que, certamente, não insistiu em que Hollande se candidate, já havia acusado a favorita das pesquisas de "demagogia", de fazer o jogo da "democracia de opinião" e de inverter o partido. O ex-premier prometeu, nesta quinta-feira, não dizer "nada que pudesse ser negativo para um dos candidatos ou para o candidato ou a candidata socialista". Mas Jospin denunciou as "pressões" e tentativas de "intimidação" sobre seus aliados, e mostrou sua preocupação com "o clima da campanha interna caso alguns não recuperem o sangue frio". Jospin também não quis revelar suas preferências entre os outros aspirantes declarados: Laurent Fabius, Dominique Strauss-Kahn e Jack Lang. "Em função do que digam e defendam, me decidirei" no momento certo, e não necessariamente de forma pública, disse. Fabius expressou apenas seu "respeito", mas seu aliado Claude Bartolone disse que "a palavra de Lionel Jospin sobre sua oposição a Ségolène Royal será muito mais audível agora que não é mais candidato", e que sua retirada modifica a situação política das primárias. O eurodeputado Pierre Moscovici, que é próximo a Strauss-Kahn, afirmou que agora o debate "talvez seja mais aberto", enquanto Jack Lang "lamentou" a saída deste "estadista" da disputa. Apesar de desta vez se tratar de sua retirada "definitiva" da política quanto a "títulos e honras", Jospin prometeu participar plenamente dos próximos debates sobre "os problemas do país" e defender "os princípios e valores" nos quais acredita "desde Sempre". "Nada" triste ou amargurado por sua decisão - "a mais sensata" - de não participar da corrida, disse que se guiou por um "duplo sentimento de responsabilidade" em relação à França e a seu partido.

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