BUENOS AIRES - A polícia da Argentina prendeu nesta quarta-feira, 14, um jovem de 26 anos por lançar uma bomba no domicílio em Buenos Aires do juiz federal Claudio Bonadio, encarregado por seis processos contra a ex-presidente Cristina Kirchner por casos de corrupção.
De acordo com o secretário da Segurança de Buenos Aires, Marcelo D’Alessandro, o caso tem conexão com a proximidade do encontro da cúpula do G-20, que será realizado na cidade no fim deste mês.
"Nada é casualidade ou coincidência, estamos às vésperas de um dos eventos internacionais mais importantes que é a cúpula do G20, temos exemplos do que aconteceu em outras cidades e estamos trabalhando para fornecer a segurança necessária, mas sem dúvida tem uma conexão com relação a isso ", disse D’Alessandro.
De acordo com o secretário, a bomba era "bastante sofisticada" e o agressor, que foi perseguido e detido pela polícia, pertence a um grupo anarquista.
"O departamento de explosivos determina não apenas que era uma bomba, mas apesar de caseiro, era bastante sofisticado, para o qual foram feitas três detonações", acrescentou D'Alessandro.
Segundo a polícia de Buenos Aires, o jovem lançou o artefato no pátio dianteiro do imóvel do magistrado, através da grade da residência.
Cadernos da corrupção
Bonadio é um dos magistrados mais midiáticos da Argentina, por ser o encarregado de investigar Cristina Kirchner em várias causas, O magistrado pediu a prisão da ex-presidente em duas ocasiões, mas as detenções não foram efetuadas.
O processo mais importante foi apelidado pela imprensa como “cadernos da corrupção”. A investigação envolve um suposto esquema de pagamento de propina por empresários para obter contratos de obras públicas durante os governos de Cristina e de seu falecido marido, Néstor Kirchner (2003-2007).
Motivação anarquista
O secretário de Segurança indicou que o jovem que jogou a bomba na casa de Bonadio tem a mesma motivação política que duas pessoas presas poucos minutos antes no cemitério da Recoleta, quando colocaram cinco artefatos explosivos, um dos quais detonou em frente a um túmulo.
O jazigo atacado foi o do ex-chefe de polícia Ramón Falcón, nascido em 1855, lembrado por ter ordenado uma feroz repressão a uma manifestação anarquista em maio de 1909 em Buenos Aires, que deixou uma dúzia de mortos, e pela perseguição e detenção de militantes, num episódio conhecido como "A Semana Vermelha".
Falcón foi assassinado em 14 de novembro de 1909 por
Simón Radowitzky
, um militante anarquista que buscou vingança por essa repressão. Radowitzky foi condenado à prisão perpétua e perdoado após 21 anos de prisão.
\ AP e
EFE