Jovem raptada por grupo islâmico conta detalhes da fuga na Nigéria

Sarah Lawan lamenta pelas garotas que não escaparam e diz que tem medo de voltar à escola

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BAUCHI, NIGERIA - Sarah Lawan, de 19 anos, uma das poucas estudantes nigerianas que conseguiu escapar do grupo islâmico Boko Haram, falou neste domingo pela primeira vez sobre os momentos de horror que viveu e disse que tem medo de voltar à escola. Em entrevista à agência Associated Press, ela contou sobre a coragem de desafiar seus sequestradores."Não posso expressar com palavras o quanto foi aterrador. Dói saber que minhas amigas não se atreveram a escapar comigo", disse Sarah, em entrevista por telefone. "Choro cada vez que cruzo com seus pais e vejo que eles também choram quando me veem."Sarah contou que várias de suas colegas não quiseram se arriscar na fuga, ocorrida no momento em que elas eram transportadas em caminhões, porque seus sequestradores ameaçaram atirar contra elas.Segundo a AP, ela falou por telefone da cidade de Chibok, no norte da Nigéria, local onde fica a escola que foi alvo da ação do Boko Haram, em abril - outras 52 meninas conseguira fugir, de acordo com a polícia nigeriana.A estudante afirmou ainda que teme voltar para a escola. "Tenho medo de voltar, mas não tenho opção, caso me peçam. Preciso terminar meus exame finais", disse a menina.A rede CNN também exibiu uma entrevista com uma garota que conseguiu fugir no dia do sequestro. A estudante não foi identificada nem mostrou o rosto. Ela contou que preferia "morrer a ser levada" pelos terroristas. "Nós corremos e corremos", disse. Segundo ela, os terroristas usaram sete caminhões para transportar as vítimas.Neste domingo, cresceu a pressão para que o governo da Nigéria se esforce para libertar as meninas que continuam sob poder do Boko Haram. Diversos grupos anunciaram protestos diários em Abuja, capital do país, para acelerar as ações do governo, acusado de indiferença e de inoperância em relação ao sequestro.PARA LEMBRARLíder planeja vender garotasO grupo radical islâmico Boko Haram assumiu a autoria do sequestro de 276 alunas de uma escola no vilarejo de Cibok, na Nigéria, realizado no dia 14 de abril. O líder do grupo, Abubakar Shekau, disse que venderia as meninas para casamentos com líderes tribais no exterior.

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