Judeus negam que amizade entre Israel e EUA provocou atentados

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Por Agencia Estado
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Judeus que vivem nos Estados Unidos reuniram-se no anoitecer desta quarta-feira para o início do Yom Kippur em meio a preocupações de que a estreita relação de Israel com os Estados Unidos possa vir a ser responsabilizada por provocar os ataques de 11 de setembro. Organizações como a Liga Antidifamação e Americanos Pela Paz Agora afirmaram ter ouvido tal sugestão em programas de entrevistas na televisão, na Internet e em jornais do Oriente Médio, principalmente por parte de antigos críticos do Estado judeu. Líderes judeus disseram ter confiança de que a maioria dos norte- americanos rejeita a teoria, mas eles sentem a necessidade de tratar a questão a fim de evitar que a idéia se espalhe. "Enquanto árabes americanos e muçulmanos americanos serão certamente os primeiros injustamente escolhidos para ser bode expiatório, judeus americanos e Israel provavelmente serão os próximos", disse Lewis Roth, porta-voz do grupo Americanos Pela Paz Agora, a ramificação nos Estados Unidos do movimento pacifista israelense. Depois dos ataques, a frase "sionismo mais EUA igual a 5.000 mortos" foi escrita com spray no estacionamento do Templo Beth El, em Tacoma, Washington. O deputado Jim Traficant, um democrata de Ohio crítico de Israel, disse num discurso em 12 de setembro na Câmara dos Representantes que a política "de um lado só" norte-americana no Oriente Médio era parcialmente responsável pelo ataque. Líderes judeus estão entre os muitos analistas que argumentam que o sofrimento palestino não é a preocupação central de Osama bin Laden, o principal suspeito dos ataques. O exilado saudita é revoltado com a influência dos Estados Unidos no Oriente Médio, e vê Israel simplesmente como um de seus agentes, afirmam. "Se Israel não existisse, 11 de setembro teria ocorrido de qualquer forma", argumenta David Harris, diretor-executivo do Comitê Judeu-Americano. "Penso que é extremamente claro que estamos lidando com uma ideologia demoníaca que odeia a América e tudo que este país defende". O Ano Novo judaico, o período mais importante do ano para os judeus, começou seis dias depois da tragédia. A celebração termina com o Yom Kippur, ou Dia do Perdão, quando a comunidade admite seus pecados e se reconcilia com Deus. Sinagogas em todo o país tiveram a segurança reforçada desde os ataques em Nova York e Washington. Abraham Foxman, diretor nacional da Liga Antidifamação, disse temer que grupos de ódio aproveitem a tragédia para espalhar anti-semitismo. "Quando ocorre uma tragédia dessa dimensão, todos ficam buscando respostas fáceis", advertiu.

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