Juiz da Austrália revoga cancelamento de visto de médico indiano

Acusações de participação em tentativa de atentado já haviam sido retiradas.

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Por BBC Brasil
Atualização:

Um tribunal em Brisbane, na Austrália, derrubou uma decisão do governo que cancelava o visto de trabalho do médico indiano Mohamed Haneef. Haneef chegou a ser acusado de envolvimento com as tentativas de atentado em Glasgow e Londres em maio deste ano. Posteriormente, no entanto, as acusações contra ele foram retiradas, depois que o promotor-chefe da Austrália revisou o caso e afirmou que um engano havia sido cometido em relação ao médico. Nesta terça-feira, o juiz Jeffrey Spender decidiu que o ministro de Imigração da Austrália, Kevin Andrews, usou "critérios errados" quando cancelou o visto de trabalho de Haneef. Agora, o governo terá prazo de 21 dias para responder à decisão judicial. O advogado de Haneef, Peter Russo, disse esperar que o ministro aceite a decisão "de bom grado", permitindo que seu cliente, que está na Índia, volte à Austrália para continuar seu trabalho e seus estudos na área médica. Segundo o correspondente da BBC em Sydney, Nick Bryant, essa decisão deverá representar um grande constrangimento para o governo australiano. O governo australiano se negou a devolver o visto de trabalho a Haneef mesmo depois que as acusações contra ele foram retiradas. Haneef foi para a Austrália em setembro do ano passado, depois de trabalhar no serviço de saúde britânico. Na Austrália, o médico trabalhava em um hospital em Queensland. Ele foi preso no aeroporto de Brisbane no dia 2 de julho, quando tentava embarcar para a Índia. Apesar de sempre ter negado qualquer envolvimento nas tentativas de atentado na Grã-Bretanha, Haneef foi mantido sob custódia por vários dias, até ser acusado de dar apoio a atividades terroristas. No final de julho, as acusações contra ele foram retiradas. Mesmo assim, o ministro da Imigração australiano disse que Haneef estava livre para deixar o país, mas acrescentou que o visto de trabalho do médico não seria restituído. Os advogados de defesa argumentaram que as leis de imigração foram usadas simplesmente para manter Haneef preso, mesmo quando o caso criminal contra ele se mostrava inconsistente. Haneef é primo de Sabeel Ahmed, uma das três pessoas indiciadas na Grã-Bretanha por envolvimento nas tentativas de atentado. As tentativas fracassadas começaram no dia 29 de junho, quando dois carros com gasolina, pregos e cilindros de gás foram encontrados em Londres. No dia seguinte, um carro carregado com cilindros de gás foi jogado contra o aeroporto internacional de Glasgow. O motorista desse carro era Kafeel, irmão de Ahmed, que morreu neste mês devido aos ferimentos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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