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Juiz espanhol que deteve Pinochet é julgado

Baltasar Garzón é acusado de ordenar o uso de grampos ilegais; caso seja condenado, poderá ficar 17 anos afastado

Por MADRI
Atualização:

O juiz espanhol que se tornou um herói dos direitos humanos internacionais ao indiciar o ex-ditador chileno Augusto Pinochet foi a julgamento ontem pela forma como lidou com uma investigação de corrupção doméstica num caso que poderá pôr fim à sua carreira. Baltasar Garzón, de 56 anos, compareceu ontem à Suprema Corte da Espanha sob a acusação de extrapolar sua jurisdição ao ordenar grampos telefônicos de conversas do interior de prisões entre três acusados e seus advogados. O julgamento representa um suplício judicial para Garzón, que desfruta do status de superastro entre grupos de defesa dos direitos humanos por capitanear a aplicação de justiça além fronteiras, mas tem muitos inimigos políticos em casa. A sessão de ontem foi ocupada por moções processuais encaminhadas pela defesa, a maioria delas rejeitada pelo tribunal. Uma tentou permitir que Garzón apele da sentença em um conselho especial do tribunal caso seja condenado. O tribunal disse que a lei espanhola não tem nenhuma cláusula que permita isso, mas concordou em ouvir algumas das conversas gravadas a portas fechadas em outro dia. Na próxima semana, o juiz enfrentará outro julgamento, este maior, por investigar atrocidades da direita durante a Guerra Civil Espanhola de 1936-39. Os crimes estavam cobertos por uma anistia aprovada em 1977, quando a Espanha mobilizou-se para restaurar a democracia após quatro décadas de ditadura comandada pelo general Francisco Franco, cujo lado vencera a guerra. Franco morreu em 1975. O caso de corrupção pelo qual ele já está sendo julgado está centrado em uma rede de homens de negócios acusados de pagar membros do conservador Partido Popular - agora no poder no governo central com o premiê Mariano Rajoy - em troca de lucrativos contratos do governo nas regiões de Madri e Valência. Caso seja condenado, Garzón poderá enfrentar uma sentença máxima de afastamento da banca por 17 anos. / AP

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