Juiz ordena prisão de ex-presidente mexicano por genocídio

Em junho, um juiz pediu a prisão domiciliar do ex-líder, mas depois decidiu que o delito havia prescrito, o que levou a ordenar a liberdade do ex-presidente

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Por Agencia Estado
Atualização:

Um juiz mexicano ordenou nesta quarta-feira a prisão do ex-presidente Luis Echeverría, acusado de genocídio por um massacre de estudantes cometido no dia 2 de outubro de 1968. A ordem de detenção de Echeverría, de 84 anos, foi ditada pelo juiz Ricardo Paredes, que revogou a decisão em primeira instância de um magistrado que tinha retirado as acusações do ex-líder por prescrição do crime de genocídio. O juiz Paredes considerou fundamentados os elementos para "fazer provável a responsabilidade" de Echeverría, que governou México de 1970 a 1976 e que foi ministro de Governo (Interior) durante o massacre de cerca de 40 de estudantes, embora extra-oficialmente se fale que foram entre 200 e 300 vítimas. No dia 30 de junho, um juiz da capital mexicana ordenou a prisão domiciliar do ex-líder por crime de genocídio, mas em 8 de julho o mesmo magistrado afirmou que o delito havia prescrito, o que levou a ordenar a liberdade do ex-presidente. Echeverría tinha enfrentado o processo penal sob prisão domiciliar por causa de sua idade, o que faz com que se espere que este novo processo também se desenvolva nas mesmas condições, pois a lei mexicana afirma que os acusados de avançada idade devem ser processados em prisão domiciliar. A ordem de detenção e o processo do ex-presidente foram emitidos pouco antes do fim do Governo do presidente Vicente Fox, que criou a Promotoria Especial para Movimentos Sociais e Políticos do Passado, que investiga a "guerra suja" contra movimentos de esquerda, sindicalistas e estudantes entre as décadas de 1960 a 1980. O juiz Paredes afirmou que Echeverría era o responsável da então chamada Direção Federal de Segurança e do "chamado Batalhão Olímpia", um dos grupos que participaram dos episódios de 2 de outubro de 1968. O juiz afirmou que o "Batalhão Olímpia" e outras forças abriram fogo "contra os estudantes e uma multidão, cometendo crimes contra a vida de um número considerável de pessoas, e com o propósito de destruir totalmente um grupo identificado como movimento estudantil de 1968".

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