PUBLICIDADE

Juíza bloqueia plano do governo Trump de deter crianças imigrantes

Juíza Dolly Gee declarou inválidas normas que permitiriam que imigrantes menores de idade ficassem detidos com seus pais em instalações

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

LOS ANGELES, ESTADOS UNIDOS - Uma juíza federal bloqueou nesta sexta-feira, 27, as regras do governo do presidente Donald Trump que permitiriam manter os menores imigrantes em instalações de detenção junto com seus pais por tempo indefinido.

Jovem imigrante é revistada em operação contra imigração ilegal em fábricas no Mississippi. Foto: Rogelio V. Solis/AP

PUBLICIDADE

A juíza do distrito, Dolly Gee, disse que as novas regra não cumprem o Acordo Flores, assinado em 1997, que ordena ao governo deixar as crianças em liberdade, sob tutela de um familiar que viva nos Estados Unidos, o mais rápido possível e que só estejam detidos em instalações que contem com autorização estatal. 

Gee disse que o Acordo Flores, que leva o nome de uma demandante adolescente, permanece vigente e deve reger as condições de todas as crianças imigrantes em custodia nos Estados Unidos, inclusive aqueles que estejam com os pais.

"O Acordo tem sido necessário, relevante e crucial para o benefício público de manter os padrões de detenção e liberação de menores que chegam às fronteiras dos Estados Unidos", escreveu a juíza em sua decisão.

"Os acusados, por vontade própria, negociaram e se apegaram a esses padrões para todos os menores em sua custódia, e até agora nenhuma regulamentação final nem mudança de circunstância tornou o Acordo Flores superado."

O governo Trump pretendia por fim ao pacto e apresentou as novas regras com a esperança de manter as crianças imigrantes detidas junto aos seus pais. A medida é parte de uma estratégia mais ampla contra os solicitantes de asilo que chegam a sua fronteira sudoeste, muitos deles de famílias da América Central.

O Acordo Flores prevê alterações graduais em seu conteúdo, desde que se emitam regras cumprindo os termos estabelecidos para a atenção de crianças migrantes. Os advogados que representam as crianças migrantes detidas aplaudiram a postura da juíza no caso, apontando que não se podia permitir que o governo americano utilizasse os jovens para tentar inibir os pedidos de asilo por parte de seus pais, que fogem de situações desesperadas.

Publicidade

"Seguiremos defendendo vigorosamente os direitos das crianças e jovens migrantes detidos", disse Neha Desai, diretora de imigração no National Center for Youth Law.

Governo Trump repudia a decisão

O Departamento de Justiça declarou que o governo está decepcionado com a decisão e que fizeram todo o procedimento requerido para a implementação das novas regras. A Casa Branca difundiu um comunicado na noite desta sexta-feira, 27, em que criticou a decisão da juíza.

"Durante dois anos e meio, este governo tem trabalhado para restaurar o exercício fiel das leis promulgadas pelo congresso enquanto juízes ativistas tem imposto sua própria visão no lugar dessas leis que foram promulgadas devidamente", dizia o comunicado.

PUBLICIDADE

"O prazo de 20 dias estabelecidos pelo Acordo Flores viola a retirada e detenção estabelecidano congresso, criando um sistema judicial completamente novo. Esta destrutiva evasão ao sistema de detenção e retirada criado pelo congresso deve terminar."

Os advogados de ambas as partes envolvidas na ação estariam dispostos a marcar uma reunião para discutir se algum dos aspectos das normas não continuam sujeitas ao acordo. Gee estabeleceu um prazo até 4 de outubro para que o encontro aconteça.

No último ano, mais de 400.000 migrantes que viajavam em grupos familiares, incluindo crianças, foram detidos na fronteira com o México.

Publicidade

Como parte de suas medidas na questão migratória, o governo de Trump tem obrigado os migrantes a esperar em território mexicano a audiência nas cortes de migração e requereu que aqueles que atravessarem um terceiro país em seu caminho até a fronteira solicitem refúgio nesses territórios antes de pedir asilo nos EUA. Ativistas migratórias criticaram as mudanças, que põem em risco a outorga de asilo para muitas pessoas que fogem da violência em seus países de origem. / AP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.