Juíza decide investigar cúpula militar chilena

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Por Agencia Estado
Atualização:

Uma juíza civil decidiu investigar toda a cúpula militar chilena, incluindo a Marinha e a polícia. A magistrada Maria Inés Collins, do 8º Tribunal do Crime, rejeitou hoje as petições dos comandantes do Estado Maior do Exército e da Aeronáutica para desconsiderar duas queixas-crime que os acusam de ocultar informações sobre os desaparecidos políticos. Ela rejeitou os pedidos apresentados pelo general Ricardo Izurieta e o brigadeiro Patricio Ríos, chefes máximos do Exército e da Força Aérea, informou a advogada que apresentou as duas queixas-crime. Até a tarde de hoje, os militares não haviam esboçado nenhuma reação pública à atitude da juíza. Em meados deste mês, os chefes das três Armas e da polícia chilena foram acusados pela advogada comunista Julia Urquieta e por 14 filhos de desaparecidos durante a ditadura militar de reter e falsificar informações. O presidente Ricardo Lagos e seus ministros defenderam energicamente a atuação dos militares na Mesa de Diálogo, que concluiu com a apresentação, pelos militares, de um informe contendo dados sobre 200 desaparecidos. A Mesa de Diálogo é um grupo cívico-militar que discutiu e negociou durante 10 meses a questão de como reunir dados sobre os desaparecidos, o que implicava na necessidade de que os militares fizessem um reconhecimento inédito de que as Forças Armadas violaram os direitos humanos durante a ditadura. Os militares entregaram o informe a Lagos em 5 de janeiro, reconhecendo que 151 dissidentes foram lançados ao mar, 20 foram enterrados em terrenos de um quartel do Exército, outros seis em um distante distrito de Santiago e que os restantes haviam sido sepultados em fossas clandestinas em diferentes locais do país. Segundo um informe oficial de 1991, foram 1.200 os desaparecidos políticos durante a ditadura do general Augusto Pinochet.

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