Juíza manda libertar ex-agente da CIA acusado de terrorismo

Opositor de Fidel Castro, agente está confinado à casa da esposa, em Miami

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Por Agencia Estado
Atualização:

Uma juíza dos Estados Unidos ordenou nesta sexta-feira, 6, a liberdade mediante fiança do anticastrista Luis Posada Carriles, ex-agente da CIA, acusado por Cuba e Venezuela de atos terroristas, e determinou que ele permaneça em Miami até que seja levado a julgamento. "Estamos felizes porque a juíza Kathleen Cardone falou a favor de nosso cliente", disse à agência Efe Felipe Millán, advogado do cubano, em El Paso, no Texas. Apesar da decisão judicial, Posada Carriles continuará detido e será entregue às autoridades da Imigração pela ordem de deportação emitida por sua suposta entrada ilegal nos EUA. A decisão judicial sobre Cardone, a qual a agência Efe teve acesso, fixou uma fiança de US$ 250 mil, além de US$ 100 mil adicionais que garantem que o cubano, com nacionalidade venezuelana, volte ao tribunal para enfrentar o julgamento no dia 11 de maio, por suposta fraude e por mentir em sua solicitação de cidadania. De acordo com a decisão, Posada Carriles deverá residir na casa de sua esposa em Miami 24 horas por dia, e só poderá sair para consultas médicas e para encontros com seu advogado sob prévia autorização do funcionário responsável pelo caso. Também terá que usar um dispositivo eletrônico, similar aos usados pelos bispos Sonia e Estevam, da Igreja Renascer, para que seus movimentos sejam supervisionados, e não poderá manter contato com nenhuma das pessoas envolvidas em seu caso. Fuga Cardone emitiu a ordem depois de entender que Carriles não oferece risco de fuga nem é um perigo para a comunidade, como tinha afirmado o Governo dos EUA. "O tribunal acredita que a natureza e as circunstâncias do delito pesam a favor do acusado. Ele é acusado de sete crimes relacionados a falsas declarações, e não de delitos de violência ou de outros que diretamente comprometam a segurança da comunidade", explicou a juíza no documento. Após assinalar que o acusado teve um passado controvertido e escapou de uma prisão venezuelana há décadas, a decisão indicou que Carriles agora tem amplos vínculos com a comunidade, como provam os milhares de pedidos assinados por seus seguidores, que voluntariamente ofereceram recursos para ajudá-lo em sua defesa. O documento destaca que, pelos recursos financeiros oferecidos a Posada Carrilles, ele parece ser um homem que não dispõe dos meios econômicos que poderiam transformá-lo em um possível fugitivo. O Escritório de Imigração e Alfândegas (ICE) expressou desilusão e lembrou que há uma detenção pendente contra o anticastrista, o que significa que "o senhor Posada permanecerá em custódia federal". Liberdade supervisionada Millán informou que tentarão fazer com que as autoridades de Imigração outorguem agora a liberdade supervisionada de Posada Carriles, que será trasladado novamente ao Centro de Detenções de El Paso. O ex-agente, de 79 anos, está detido em uma prisão federal no estado do Novo México. "É uma fiança muito alta, mas a comunidade de exilados em Miami está disposta a pagar o que for necessário para libertá-lo", disse Millán, que qualificou a ordem da juíza como um dos passos mais importantes para Posada Carriles desde sua detenção, em 2005. Cardone disse, em sua decisão, que o cubano se opôs ao regime de Fidel Castro, e que foi associado a eventos que incluem a fracassada invasão à Baía dos Porcos e a operação Irã-Contras, na Nicarágua. Além disso, mencionou a explosão do vôo 455 da Companhia Cubana de Aviação, em 1976, na qual morreram 73 pessoas, e pela qual Cuba e Venezuela o acusam de terrorismo, e os ataques a instalações turísticas em Cuba em 1997. O documento tratou, inclusive, de teorias de conspiração no assassinato do presidente americano John F. Kennedy. A juíza esclareceu, no entanto, que Carriles não é julgado por esses delitos, mas por mentir em sua solicitação de cidadania, ao assegurar que ingressou por terra aos EUA e por não declarar um passaporte que foi expedido para ele pelo Governo da Guatemala com o nome de Manuel Enrique Castillo López.

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