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Juízes egípcios mobilizam-se contra Morsi

Por CAIRO
Atualização:

A Suprema Corte do Egito criticou ontem em uma reunião de emergência a decisão do presidente Mohamed Morsi de colocar seus poderes acima do escrutínio do Judiciário e condenou o "ataque sem precedentes" aos juízes do país. Magistrados e procuradores entraram em greve em três cidades, enquanto manifestantes ocupam a praça Tahrir, centro dos protestos que derrubaram o ex-ditador Hosni Mubarak, do qual muitos dos juízes ainda são próximos, em 2011.Diante dos juízes reunidos no prédio da Suprema Corte, o ex-procurador-geral do Egito, Abdel Meguid Mahmoud, demitido por Morsi em meio aos decretos que aumentaram as atribuições do Executivo, qualificou as medidas do presidente de nulas e vazias. "Há uma campanha sistemática contra as instituições do país e, em particular, contra o Judiciário", disse Mahmoud. O protesto dos juízes se junta ao de outras facções seculares e islâmicas moderadas, que veem os decretos de Morsi como uma tentativa de controlar o poder nas mãos de seu grupo político, vinculado à Irmandade Muçulmana. Ontem, partidos seculares, como o Wafd, o Partido Social Democrata e o Partido da Constituição convocaram protestos contra Morsi. O ex-líder da Irmandade Muçulmana Abdel Aboul-Fotouh prometeu aderir aos protestos. Partidários do presidente convocaram para hoje uma marcha em sua defesa.O principal tribunal de Alexandria e uma associação de juízes egípcios decretaram greve. Procuradores públicos também cruzaram os braços. As paralisações afetam mais duas cidades, Qulubiya e Beheira, segundo a imprensa oficial. O diplomata laico Mohamed ElBaradei, Prêmio Nobel da Paz, voltou a criticar Morsi. Para o ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Ele prometeu "não dialogar" com o presidente enquanto os decretos forem mantidos.Na Praça Tahrir, cerca de 15 facções políticas, muitas das quais compostas por jovens seculares responsáveis pela queda de Mubarak, estão acampadas em protesto desde a noite de sexta-feira. De acordo com o Ministério da Saúde, 213 pessoas ficaram feridas em protestos nos últimos dos dias no país. Os decretos de Morsi, assinados na quinta-feira, impedem o Judiciário de reverter decisões tomadas por ele depois de sua posse, em junho, e dão imunidade ao painel que elabora a Constituição do País e à Câmara Alta do Parlamento, de maioria islâmica. Também ordena um novo julgamento para suspeitos de matar manifestantes durante a queda de Mubarak. / AP E NYT

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