25 de novembro de 2012 | 02h04
Diante dos juízes reunidos no prédio da Suprema Corte, o ex-procurador-geral do Egito, Abdel Meguid Mahmoud, demitido por Morsi em meio aos decretos que aumentaram as atribuições do Executivo, qualificou as medidas do presidente de nulas e vazias. "Há uma campanha sistemática contra as instituições do país e, em particular, contra o Judiciário", disse Mahmoud.
O protesto dos juízes se junta ao de outras facções seculares e islâmicas moderadas, que veem os decretos de Morsi como uma tentativa de controlar o poder nas mãos de seu grupo político, vinculado à Irmandade Muçulmana. Ontem, partidos seculares, como o Wafd, o Partido Social Democrata e o Partido da Constituição convocaram protestos contra Morsi. O ex-líder da Irmandade Muçulmana Abdel Aboul-Fotouh prometeu aderir aos protestos. Partidários do presidente convocaram para hoje uma marcha em sua defesa.
O principal tribunal de Alexandria e uma associação de juízes egípcios decretaram greve. Procuradores públicos também cruzaram os braços. As paralisações afetam mais duas cidades, Qulubiya e Beheira, segundo a imprensa oficial.
O diplomata laico Mohamed ElBaradei, Prêmio Nobel da Paz, voltou a criticar Morsi. Para o ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Ele prometeu "não dialogar" com o presidente enquanto os decretos forem mantidos.
Na Praça Tahrir, cerca de 15 facções políticas, muitas das quais compostas por jovens seculares responsáveis pela queda de Mubarak, estão acampadas em protesto desde a noite de sexta-feira. De acordo com o Ministério da Saúde, 213 pessoas ficaram feridas em protestos nos últimos dos dias no país.
Os decretos de Morsi, assinados na quinta-feira, impedem o Judiciário de reverter decisões tomadas por ele depois de sua posse, em junho, e dão imunidade ao painel que elabora a Constituição do País e à Câmara Alta do Parlamento, de maioria islâmica. Também ordena um novo julgamento para suspeitos de matar manifestantes durante a queda de Mubarak. / AP E NYT
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