Julgamento de Fritzl pode terminar na quinta

Procedimentos estão adiantados; imprensa não terá acesso ao tribunal nesta terça-feira.

PUBLICIDADE

Por Luis Fernando Ramos
Atualização:

O veredicto do julgamento de Josef Fritzl - acusado de ter mantido a filha em cativeiro por 24 anos no porão de sua casa - pode sair já na próxima quinta-feira, um dia antes do previsto, segundo afirmam especialistas em direito na Áustria. No primeiro dia de julgamento foram exibidos alguns trechos do depoimento da filha Elisabeth Fritzl gravado em vídeo, o que só estava previsto para acontecer nesta terça-feira. Assim, toda a sequência planejada está adiantada. Os peritos da polícia que examinaram o cativeiro e também os psiquiatras que fizeram um perfil psicológico do acusado foram convocados para ficar de prontidão no tribunal de justiça da cidade de Sankt P¶lten. É provável que eles deem seus primeiros depoimentos ainda nesta terça. Durante a manhã, segundo o cronograma, Fritzl deve continuar a assistir a novos trechos do depoimento da filha Elisabeth. A expectativa é de que defesa e promotoria continuem com suas estratégias. Fritzl foi preso em abril do ano passado, quando veio à tona a história de que ele manteve Elisabeth presa por 24 anos, período em que a estuprou repetidas vezes e em que ela teve sete filhos, frutos do incesto. Ele levou três dos filhos de Elisabeth para morar em casa, enquanto outras três crianças permaneceram no porão com a mãe. O sétimo filho morreu pouco depois de nascer. O réu, que é acusado de seis crimes, já se declarou culpado de incesto e parcialmente culpado de estupro, mas nega as acusações de assassinato e prática de escravidão. Fritzl também é acusado de assassinato por negligência por causa da morte do bebê, que apresentou problemas respiratórios pouco depois de nascer mas não recebeu cuidados médicos. Alguns especialistas acreditam que será difícil provar a acusação, que poderia levar a pena de prisão perpétua. A pena para a prática de escravidão pode chegar a 20 anos, e a pena por estupro pode chegar a 15 anos. Nesta terça-feira, a promotoria e a defesa devem continuar sua estratégia. Rudolf Mayer, advogado de Fritzl, vai insistir em caracterizá-lo como vítima de uma infância problemática que conseguia demonstrar em pequenos gestos o afeto que sentia pela família que mantinha presa. No primeiro dia do julgamento, Mayer argumentou que seu cliente é "um ser humano e não um monstro" e apelou aos jurados para serem objetivos. Já a promotora Christiane Burkheiser buscará ilustrar os horrores sofridos por Elisabeth e seus filhos durante o longo período em cativeiro. Em seu discurso de abertura, na segunda-feira, Burkheiser afirmou que Fritzl "não demonstrou qualquer sinal de arrependimento ou consciência de que teria feito algo errado". Ela ainda argumentou que Fritzl não falou com sua filha durante os primeiros anos do cativeiro, descendo ao porão apenas para estuprá-la, antes de subir de volta para casa. Na primeira sessão do julgamento, Fritzl contou, em voz quase inaudível, sobre sua infância e sobre como apanhava de sua mãe. Quando a juíza perguntou se ele tinha algum amigo, ele simplesmente respondeu "não". Nesta terça-feira, o clima em frente no tribunal está mais calmo em relação ao dia anterior. A imprensa continua presente em peso, mas as manifestações pacíficas de algumas ONGs já aconteceram no dia de abertura do julgamento e não devem se repetir hoje. Ao contrário do que ocorreu durante a leitura das acusações, profissionais da mídia não terão acesso à sala do julgamento nesta terça. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.