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Julgamento de Mubarak não será mais televisionado, anuncia juiz

Novamente de maca, ex-presidente voltou a se apresentar à Justiça no Cairo.

Por BBC Brasil
Atualização:

A corte que julga o presidente deposto do Egito Hosni Mubarak anunciou nesta segunda-feira que o julgamento não será mais televisionado e que o processo contra Mubarak será fundido com o julgamento do ex-ministro do Interior Habib al-Adly. Grupos de partidários e opositores de Mubarak entraram em choque na frente do tribunal ao serem informados sobre o fim da transmissão do julgamento, que será retomado no dia 5 de setembro. Mubarak voltou a um tribunal no Cairo para responder por acusações de corrupção e de responsabilidade na morte de manifestantes que protestavam contra seu governo no início do ano. Como da primeira vez, Mubarak, 83, fez sua aparição de maca. Ele chegou ao local de helicóptero e foi colocado em uma ambulância para ser transportado até a corte. O ex-presidente egípcio, que alega estar sofrendo graves problemas de saúde, foi colocado dentro de uma jaula no tribunal, feita especialmente para o julgamento. Mubarak estave acompanhado de seus filhos Alaa e Gamal, que também estão sendo acusados de corrupção. Na chegada, Alaa tentou cobrir uma câmera de vídeo que filmava o evento. Na primeira audiência, no último dia 3 de agosto, o líder deposto do Egito se disse inocente das acusações. Se considerado culpado, Mubarak - assim como os outros acusados - pode ser punidos com a sentença de morte. Pressão No próximo dia 5 de setembro, Habib al-Adly terá uma nova audiência na Justiça. Ele já foi condenado por lavagem de dinheiro e agora enfrenta acusações de ter ordenado a morte de 850 manifestantes. Nesta segunda-feira, o juiz do julgamento contra Mubarak teve dificuldades para manter a ordem no tribunal, já que havia mais de cem advogados presentes no lugar. Analistas afirmam que interromper a transmissão por TV do processo tornará o trabalho dos juízes mais fácil, já que há enorme pressão do público. Esta é a segunda audiência de Mubarak, que governou o Egito por três décadas até fevereiro deste ano, quando renunciou após uma série de protestos no país. No dia três de agosto, ele compareceu ao tribunal e se declarou inocente de todas as acusações. Na audiência desta segunda-feira, familiares de pessoas que morreram nos protestos do começo do ano pediram mais acesso a documentos referentes à comunicação oficial do governo de Mubarak. Eles querem saber quais foram as ordens que partiram do ex-presidente aos comandantes militares que lideraram a repressão. Os familiares também exigem que o militar Mohamed Hussein Tantawi, que lidera a junta que assumiu o poder no Egito após a saída de Mubarak, preste depoimento. Já o advogado de defesa de Mubarak, Farid al-Deeb, quer convocar 1,6 mil testemunhas. A justiça ainda não determinou quem vai depor no caso. Milhares de soldados e policiais fazem a segurança do prédio no Cairo onde está sendo realizado o julgamento. Manifestantes pró e contra se reuniram em frente ao local. Houve confrontos entre ambos os lados, quando alguns apoiadores do ex-presidente gritaram slogans como "Ele é egípcio até a morte" e "Hosni Mubarak não é Saddam". Analistas acreditam que o destino de Mubarak será crucial para determinar os rumos políticos do país. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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