
15 de agosto de 2011 | 08h28
Egípcios assitem transmissão ao vivo do julgamento de Mubarak, agora proibida na próxima audiência
O ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak, voltará ao tribunal para enfrentar acusações de matar manifestantes apenas no dia 5 de setembro, anunciou a corte nesta segunda-feira, 15.
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O juiz Ahmed Refaat ordenou que o julgamento de Mubarak seja realizado em conjunto com o do ex-ministro do Interior Habib el-Adli, como requisitava a promotoria.
Também foi anunciado que o julgamento ocorrerá a portas fechadas até que o tribunal obtenha uma sentença final no caso. O fim das transmissões ao vivo pela televisão seria para "proteger o interesse público" e para que testemunhas não pudessem ter acesso a declarações de outras testemunhas.
O anúncio gerou indignação entre os manifestantes que acompanhavam o julgamento do lado de fora do tribunal.
Confrontos
Manifestantes pró e anti-Mubarak entraram em confronto hoje quando o helicóptero que trazia Mubarak, de 83 anos e doente, vestido com um casaco esportivo, pousou perto do tribunal.
Centenas de policiais mantiveram guarda, mas os confrontos irromperam em frente ao prédio entre uma multidão de simpatizantes de Mubarak e um grupo pedindo justiça pelos mortos na insurgência que derrubou o ex-líder há seis meses.
"O ladrão chegou!", gritaram os manifestantes anti-Mubarak, enquanto seus simpatizantes respondiam com mais barulho.
"Juiz acorde! Mubarak matou meus irmãos! Execute o assassino!", gritavam outros.
A multidão pró-Mubarak atirava pedras e o cordão de isolamento que separava os dois lados se rompeu, e simpatizantes de Mubarak perseguiram seus opositores para longe do prédio.
Audiência
Em um tribunal lotado com advogados ansiosos, Mubarak parecia estar contido e austero, as mãos unidas sobre o peito. Uma agulha intravenosa estava implantada em sua mão esquerda. Ele não estava usando as roupas brancas exigidas normalmente para os presos.
Ele trocou algumas palavras com seus filhos Alaa e Gamal, que também estão sendo julgados e estavam dentro da mesma jaula que o pai.
O juiz Ahmed Refaat chamou o nome de Mubarak e ele respondeu "presente". Refaat pediu calma, ordenando que eles sentassem para permitir o início do processo.
A audiência pode decidir se o chefe do conselho militar que atualmente governa o país prestará depoimento.
Advogados da defesa dizem que qualquer testemunho do marechal Mohamed Hussein Tantawi sobre o papel de Mubarak em tentar reprimir o protesto de 18 dias, em que 850 pessoas morreram, poderia definir o destino do ex-presidente.
Tantawi, que foi ministro da Defesa durante duas décadas sob Mubarak, lidera o conselho militar que assumiu o poder no país quando Mubarak foi deposto em 11 de fevereiro por protestos massivos.
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