Junta de Mianmar caça opositores após críticas na internet

Milhares de médicos, estudantes e funcionários públicos saem às ruas de Yangun para protestar contra o regime

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Por Redação
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YANGUN - A junta militar que deu um golpe de Estado em Mianmar, no início do mês, está caçando sete apoiadores dos protestos contra o regime. Eles enfrentam acusações por comentários nas redes sociais que ameaçam a “estabilidade nacional”, segundo informou neste sábado, 13, o Exército.

Entre os perseguidos estão Min Ko Naing, que foi um dos principais ativistas pró-democracia durante as décadas em que vigorou uma ditadura militar em Mianmar. Também estão sendo procurados “Jimmy” Kyaw Min Yu, também um veterano do levante de 1988, o cantor Htwe Lin Ko, o analista Myo Yan Naung Thein, a apresentadora Maung Maung Aye, e o escritor Insein Aung Soe.

Polícia de Mianmar usa jatos de água para dispersar manifestação em Naypyidaw. Foto: AFP

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A junta que comanda o país também suspendeu leis de privacidade, com o objetivo de facilitar prisões. O anúncio coincidiu com o oitavo dia seguido de manifestações nas ruas. As leis de privacidade exigiam ordens judiciais para a detenção de pessoas por mais de 24 horas e para buscas em propriedades privadas e vigilância. “As seções 5, 7 e 8 da lei que protege a privacidade e segurança dos cidadãos estão suspensas”, afirmou um comunicado assinado pelo líder da junta militar, Min Aung Hlaing.

Em Yangun, milhares de médicos, estudantes e funcionários do setor privado marcharam no sábado, 13, por uma das principais avenidas da cidade.

Desobedecendo a proibição de se reunir, muitos usavam as cores da Liga Nacional para a Democracia (LND), o partido de Aung San Suu Kyi, que está detida há 12 dias. “Retornaremos ao trabalho somente quando o governo civil da ‘Mãe’ Suu Kyi for restabelecido. Pouco importam as ameaças”, afirmou Wai Yan Phyo, médico de 24 anos.

No sábado, 13, moradores se uniram para patrulhar as ruas de Yangun durante a noite, temendo ataques , prisões e crimes comuns. Em diferentes bairros da cidade, grupos de jovens batiam panelas e frigideiras para soar o alarme quando se deparavam com alguém suspeito. 

Segundo Nada al-Nashif, vice comissária da ONU para os direitos humanos, mais de 350 pessoas, incluindo funcionários, ativistas e monges, foram presos em Mianmar desde o golpe. A jornalista Shwe Yee Win, que havia noticiado a oposição ao golpe na cidade de Pathein, foi levada pela polícia na quinta-feira, segundo seu site de notícias TimeAyeyar. / AFP e REUTERS

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