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Junta militar garante realização de eleições no dia 28 de novembro no Egito

Trégua entre policiais e manifestantes entra em vigor; ex-premiê é encarregado de formar novo governo

Atualização:

CAIRO - A junta militar que governa o Egito confirmou nesta quinta-feira, 24, a realização das eleições parlamentares, marcadas para começar na segunda-feira, prosseguindo, em seis turnos, até março do ano que vem. O anúncio coincidiu com uma trégua entre manifestantes e policiais, que começou a ser observada a partir das 6 horas de ontem, e a nomeação de um novo primeiro-ministro - Kamal Ganzouri, que foi premiê entre 1996 e 1999. A junta afirmou que Ganzouri deve formar um governo até segunda-feira e se desculpou pela morte de 38 manifestantes.

 

 

Essas concessões, combinadas com o anúncio, feito na segunda-feira, da realização de eleição presidencial até o fim de junho, não foram suficientes para os manifestantes que ocupam a Praça Tahrir, no centro do Cairo. Eles continuam exigindo a imediata saída dos militares do poder e prometem para hoje, dia do descanso semanal muçulmano, uma "marcha de 1 milhão" na praça. Outra manifestação, de apoio à junta militar, está marcada também para depois da oração do meio-dia, na Praça Abbasya, a 15 minutos da Tahrir.

 

"Sair agora seria trair a confiança depositada nas nossas mãos pelo povo", declarou, em entrevista coletiva, o general Mukhtar el-Mallah, número 2 do Conselho Supremo das Forças Armadas, que governa o país desde a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro. "Não vamos renunciar ao poder porque uma multidão cantando slogans quer isso. Estar no poder não é uma bênção. É uma maldição, uma responsabilidade muito grande." Na entrevista, a cúpula militar deixou claro que não pretende fazer mais concessões.

 

Mahmud Afifi, porta-voz do Movimento 6 de Abril, uma das organizações que lideram os protestos, disse ao Estado que as ofertas dos militares não são suficientes. "As desculpas vieram tarde demais e os militares insistem que os mortos são vítimas, não mártires", observou Afifi, um advogado de 26 anos. "Estão atuando da mesma forma que Mubarak. Insistimos que os militares transfiram todo o poder para um governo civil."

 

O gabinete civil anterior renunciou na segunda-feira, em protesto contra a repressão às manifestações. Os críticos dizem que ele não tinha poder efetivo, e quem governa de fato são os militares.

 

Jovens manifestantes, incluindo profissionais e estudantes da área da saúde, com jalecos brancos, formaram cordões nas ruas que levam ao complexo do Ministério do Interior, foco dos confrontos, para separar os manifestantes dos policiais.

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Antes da entrada em vigor da trégua, a jornalista egípcia de origem americana Mona el-Tahawy, de 44 anos, foi presa na linha de frente do confronto com a polícia nos arredores do ministério na madrugada de ontem. Ela disse que os policias a golpearam com cassetetes, quebrando seu braço esquerdo e sua mão direita. Mona acusou ainda os policiais de agredi-la sexualmente, agarrando seus seios e colocando as mãos entre as suas pernas.

 

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