Justiça boliviana determina deportação de dissidente cubano

Samartino, na Bolívia desde 2000, foi preso por interferir em assuntos internos

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Por Agencia Estado
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Um tribunal boliviano determinou nesta quarta-feira que um dissidente cubano que criticou a aproximação entre os dois países seja deportado para a ilha comunista. "Isso é uma sentença de morte. Cuba é um país onde as pessoas que têm diferentes pontos de vista, como eu, não têm direitos", disse Amauris Samartino a jornalistas após ouvir a sentença. Samartino, na Bolívia desde 2000, foi preso no sábado sob a acusação de interferir em assuntos internos, o que é vedado a imigrantes, segundo funcionários do governo. Nesta semana, a TV pública mostrou Samartino protestando contra o presidente Evo Morales em Santa Cruz, reduto da oposição de direita. O Podemos, principal partido da oposição, criticou Morales pela iniciativa do governo para deportar Samartino. Segundo o senador Oscar Ortiz, a decisão "dá espaço para que se fale em perseguição política". O embaixador cubano em La Paz, Rafael Dausa, disse que o governo não pediu à Bolívia que prendesse Samartino, mas admitiu que o dissidente já fez críticas tanto a Morales quanto ao líder cubano Fidel Castro. "Ele decidiu agir politicamente contra a revolução cubana e o governo da Bolívia" afirmou o diplomata a uma TV. Samartino e 11 outros cubanos entraram na Bolívia em outubro de 2000, depois de fugir da base naval norte-americana de Guantánamo, encravada no sudeste de Cuba. O governo boliviano diz que o grupo não tem direito ao status de refugiado político. Antes de se afastar do poder, em julho, Fidel enviou mais de 1.500 médicos para a Bolívia. Samartino teria ajudado alguns desses profissionais a fugirem para outros países.

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