Justiça da Venezuela manda prender líderes da oposição por mortes em ato

Caracas responsabiliza Leopoldo López e outros dois opositores por confrontos em protesto contra Maduro na quarta-feira, quando 3 morreram e 66 ficaram feridos

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Por Redação
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CARACAS - A Justiça da Venezuela ordenou na quinta-feira, 13, a prisão de Leopoldo López, um dos principais líderes do movimento antichavista, e de dois outros opositores. López é acusado de terrorismo, homicídio, associação para o crime e de incitar os protestos estudantis que deixaram 3 mortos, 66 feridos e 69 presos na quarta-feira, em Caracas.

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Segundo a imprensa venezuelana, os dois opositores com a prisão pedida pela Procuradoria-Geral, além de López, são Iván Carratú, ex-chefe da Casa Militar do governo de Carlos Andrés Pérez, e o ex-diplomata Fernando Gerbasi, que trabalhou na Colômbia e no Brasil.

Caracas amanheceu vigiada por um forte esquema de segurança depois de dez dias de atos ligados à oposição. Dos mortos na quarta-feira, dois eram estudantes antichavistas - e a terceira vítima era um líder comunitário do bairro 23 de Enero, reduto governista.

Após os confrontos, a cúpula chavista acusou diretamente López de ter organizado as marchas. Segundo o governo, Carratú e Gerbasi também incentivaram as manifestações.

Logo após a emissão da ordem de prisão contra López, policiais invadiram a sede de seu partido, no centro de Caracas, mas não o encontraram. "Ele está em casa, com seus advogados, e continuará na Venezuela, porque não tem nada a temer", disse o porta-voz do partido, Carlos Vecchio. "Isso é um plano para criminalizar as manifestações."

López e outros líderes da oposição apoiaram os protestos estudantis de quarta-feira, ao lado do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e da deputada María Corina Machado. Os atos pediam a libertação de estudantes presos em manifestações anteriores, além de protestar contra a situação econômica e a violência urbana.

Dentro da coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática, a tática não tem unanimidade. Henrique Capriles, principal nome da oposição, era contra a estratégia e pediu calma. "Não há condições para pedir a saída de Nicolás Maduro agora. Há momentos em que a razão deve se sobrepor à emoção. A mudança virá à Venezuela, mas com calma", afirmou Capriles, que exigiu do governo desarmar suas milícias populares.

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O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, pediu calma às milícias armadas do reduto chavista 23 de Enero, acusadas de abrir fogo contra os estudantes. Colegas de Juan Montoya, o chavista morto, afirmaram que ele comandava uma campanha de desarmamento. Montoya foi atingido no fogo cruzado entre a polícia, milícias e a oposição.

A ministra da Informação, Delccy Rodríguez, chamou movimentos sociais para uma marcha em desagravo ao que qualificou como violência da oposição. O ato se seguiu a acusações de Maduro, que viu no ato de quarta-feira uma "tentativa de golpe fascista".

Na quinta-feira, cerca de 2 mil estudantes protestaram na Praça Altamira. "Chega de violência", gritavam os jovens. Outros grupos antigoverno também saíram às ruas, queimando pneus e exibindo bandeiras venezuelanas. "Dizem que somos o futuro e nos matam no presente", afirmava um dos cartazes contra Maduro exibidos na Universidade de Caracas. Em uma marcha chavista, diante da sede do Ministério Público, os governistas levavam cartazes pedindo "prisão para a oposição fascista terrorista". / AFP, AP, EFE e REUTERS

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