13 de novembro de 2020 | 16h02
A Justiça peruana proibiu nesta sexta-feira, 13, o ex-presidente Martín Vizcarra de deixar o país no prazo de 18 meses, sob denúncias de que ele teria recebido propina para autorizar obras públicas quando era governador de Moquegua (ao sul do país), em 2014.
"Determina-se o impedimento de saída do país contra o investigado Martín Vizcarra; a medida terá a duração de 18 meses", anunciou a juíza María Álvarez em audiência judicial.
O advogado de Vizcarra, Fernando Ugaz, declarou ter aceitado um pedido do Ministério Público.
"Nos escritos que apresentamos ao Ministério Público desde a terça-feira, mostramos a eles nossa disposição de permanecer no país para participar das investigações", ressaltou na audiência.
O Congresso peruano depôs Vizcarra do cargo na segunda-feira, com 105 votos a favor, após debater a chamada "moção de vacância" movida contra o presidente por acusações de que ele cometeu atos de corrupção quando era governador da província de Moquegua, entre 2011 e 2014.
A resolução parlamentar declarou a "incapacidade moral permanente do presidente", razão pela qual será aplicado "o regime de sucessão estabelecido na Constituição", que entrou em vigor nesta terça-feira, após ser comunicado ao presidente.
O ex-presidente fez um pronunciamento no Palácio de Governo ainda na segunda-feira, acatando a decisão do Congresso. "Hoje deixo o Palácio de Governo, hoje volto a minha casa, apesar de haver inúmeras recomendações para que atuemos através de ações legais para impedir esta decisão", declarou durante o discurso, alternando momentos relaxados e informais e de comoção.
Como Vizcarra não tem vice-presidente, ele foi substituído por Manuel Merino, presidente do Congresso e integrante do grupo político de centro-direita Ação Popular (AP), empossado na terça-feira.
A decisão do Congresso gerou surpresa, confusão e indignação em seu país, com protestos de cidadãos, além da rejeição de políticos, constitucionalistas, analistas e até representantes da Igreja Católica. /AFP
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