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Justiça sul-coreana prende segundo ex-presidente em menos de um ano

Lee Myung-bak, antecessor de Park Geun-hye, mandatária presa no ano passado, foi levado para a prisão na noite desta sexta-feira por suspeita de receber propinas durante governo

Por Choe Sang-hun
Atualização:

SEUL – O ex-presidente sul-coreano Lee Myung-bak foi preso nesta sexta-feira, 23, por suspeita de receber propina e prática de peculato e evasão fiscal. Lee é o segundo mandatário do País a ir para a prisão em menos de um ano, sendo a primeira a sua sucessora, Park Geun-hye, que foi deposta no ano passado após um processo de impeachment por acusações similares.

Ex-presidente sul-coreano Lee Myung-bak deixa sua residência em Seul na madrugada desta sexta-feira Foto: EFE/ Jung Yeon-je / Pool

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Lee foi presidente da Coreia do Sul entre 2008 e 2013. Na noite dessa quinta-feira, 22, a Justiça expediu um mandato de prisão contra o ex-presidente, que foi detido em sua residência, em Seul, e levado para a prisão logo após a meia-noite.+ Confidente da ex-presidente sul-coreana é condenada a 20 anos de prisão

“Eu considero tudo isso culpa minha e sinto remorso”, escreveu Lee em uma declaração postada em sua página no Facebook momentos antes de sua prisão. 

Nas últimas semanas, procuradores federais questionaram e prenderam vários aliados, parentes e empresários ligados ao ex-presidente. Nos últimos dias, suspeitas de corrupção se amontoaram sob Lee e sua prisão era esperada desde a semana passada, quando foi convocado pelas autoridades para prestar depoimentos.

Lee é acusado de ter recebido mais de US$ 10 milhões em propinas durante e após seu mandato como presidente da Coreia do Sul. Segundo os procuradores, os pagamentos eram feitos por várias empresas, incluindo a Samsung. Na última semana, o ex-vice-presidente da companhia foi interrogado enquanto a sua residência era alvo de um mandato de busca e apreensão. A Samsung se recusou a comentar as acusações.+ Herdeiro da Samsung deixa prisão após redução de pena+ Presidente da Samsung renuncia ao cargo e gera vácuo de liderança

Além das propinas, Lee é acusado de ser o dono de uma empresa de fabricação de peças de automóveis. O ex-presidente teria desviado U$32 milhões da companhia e usado seus privilégios presidenciais para ajudar a empresa a chegar a um acordo legal para a quitação de US$ 8 milhões em honorários advocatícios.

Lee Myung-bak é o quarto ex-presidente do País a ir para a prisão. No ano passado, Park Geun-hye, a primeira mandatária a sofrer um processo de impeachment pelo congresso sul-coreano, foi presa por sua participação em um escândalo de corrupção no qual é acusada de receber US$ 21 milhões em propinas. Park foi a sucessora de Lee na presidência da Coreia do Sul.

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Os outros dois ex-presidentes que foram denunciados e presos na história do país foram o ex-ditador Chun Doo-hwan (1980-1988) e seu sucessor Roh Tae-woo (1988-1993). Os dois governantes foram acusados de receber propina, incentivar motins e sedição na Coreia do Sul. As sentenças foram proferidas em 1996, mas foram perdoadas no ano seguinte.

Medidas anticorrupção

Os recentes escândalos de corrupção envolvendo ex-presidentes levaram o atual presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, a apresentar uma proposta constitucional anticorrupção para reduzir prerrogativas presidenciais.

Se aprovada pelo parlamento, o presidente do país terá menos poder de decisão na escolha dos integrantes que compõem a Comissão de Auditoria e Inspeção, órgão que fiscaliza as ações do governo. Além disso, as medidas também retiram das mãos do mandatário a possibilidade de nomear juízes para a Corte Constitucional. 

Outras medidas incluem a redução das possibilidades de conceder perdões presidenciais, medida criticada por beneficiar empresários condenados por crimes de colarinho branco.

Para ser sancionada, a medida precisa ser aprovada pelo parlamento, onde o governo de Moon tem apenas 121 cadeiras, número bem abaixo dos 193 votos necessários para a provação de uma mudança constitucional. Em seguida, a proposta terá que ser aprovada pela população em um referendo.

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