20 de junho de 2016 | 14h48
CARACAS - A audiência de apelação de Leopoldo López, político opositor condenado a quase 14 anos de prisão na Venezuela por incitar a violência em uma manifestação, foi suspensa nesta segunda-feira, 20, informou a defesa do fundador do partido Voluntad Popular. A audiência foi cancelada depois que um dos magistrados designados para a audiência manifestou indisposição física para comparecer à sessão, explicou aos jornalistas o advogado de López, Juan Carlos Gutiérrez, no Palácio de Justiça.
"O Tribunal de Apelações que cuida do caso suspendeu a audiência prevista para hoje, sem detalhar uma nova data para a sua realização", disse Gutiérrez. A suspensão coincidiu com a visita do ex-ministro da Justiça da Espanha, Alberto Ruiz Gallardón, e do advogado espanhol, Javier Cremades, que chegaram ontem a Caracas para assessorar a equipe de defesa de López.
Consultado sobre a vinculação que poderia ter a chegada do ex-ministro e do advogado espanhol à capital venezuelana com a suspensão da audiência, Gutiérrez indicou que "houve delações indevidas, mas, além disso, uma violação sistemática de outros direitos vinculados ao devido processo".
O advogado reiterou novamente suas denúncias sobre o processo contra López: "um processo judicial que nunca deveria acontecer dentro de um sistema que se considere democrático".
"O sistema de Justiça venezuelano tem que mostrar sua cara para o mundo, e tem que proceder de maneira absolutamente independente, autônoma e imparcial", disse o advogado que lidera a equipe que defende López há mais de dois anos.
Para o jurista, após "uma simples leitura dos autos, em uma simples revisão das evidências apresentadas no julgamento, a Corte de Apelações teria que ditar a absolvição de Leopoldo".
López cumpre condenação em uma prisão militar respondendo às condenações por incitação da violência, formação de quadrilha, danos à propriedade e incêndio com relação aos atos violentos que deixaram três mortos e dezenas de feridos em 12 de fevereiro de 2014, no final de uma manifestação que gerou a onda de protestos daquele ano.
O líder opositor se entregou à polícia seis dias depois ao atender uma ordem de captura por sua suposta responsabilidade na violência ocorrida naquela manifestação antigovernamental e foi condenado no ano passado. / EFE
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