Kadafi declara Sirte nova capital líbia

Pela TV estatal síria, ditador eleva status de sua cidade natal e último reduto do regime

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Por Lourival Sant'Anna
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ENVIADO ESPECIAL A TRÍPOLIO ditador Muamar Kadafi declarou ontem que Sirte, sua cidade natal, é a nova capital da Líbia. A mensagem, transmitida em uma gravação de áudio pela rede de televisão síria Al-Rai, acirra ainda mais as tensões na cidade, um dos últimos redutos do antigo regime, que está totalmente cercado por forças rebeldes desde o fim de semana.Os insurgentes tinham dado um prazo até amanhã para que as forças leais a Kadafi se rendessem e evitassem um "ataque militar total". Ontem, eles estenderam a data para o dia 10. A declaração do ditador, no entanto, desafia o pedido e deixa a situação mais crítica em Sirte, que pode ser tornar o palco da última grande batalha da guerra, que já dura mais de seis meses.À TV síria Kadafi fez também um apelo para que seus soldados e partidários não desistam de defender o seu regime. "O povo líbio não pode se ajoelhar, não pode se render, não somos mulheres", disse o ditador. "O povo está lutando contra o colonialismo", prosseguiu Kadafi, que não aparece em público há meses e cujo quartel-general, Bab al-Azizia, foi tomado no dia 23. "São necessários enormes sacrifícios pelo bem da liberdade. Os traidores serão eliminados e a Otan entrará em colapso." A mensagem, de cerca de 10 minutos, foi encerrada de forma abrupta e seguida do hino da época de Kadafi. Na véspera, a Al-Rai havia transmitido mensagem de Seif al-Islam, na qual o filho de Kadafi disse que permanecia em Trípoli, chamou os rebeldes mais uma vez de "ratos" e assegurou que as forças leais ao regime têm 20 mil homens armados em Sirte.O jornal argelino Al-Watan noticiou que Kadafi teria tentado falar com o presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, que teria se recusado a atender a ligação. Segundo o jornal, o ditador teria telefonado de Ghadamis, cidade líbia na fronteira com a Argélia. A mulher de Kadafi, Safiya, a filha Aisha, dois de seus sete filhos, Mohamed e Hannibal, e os filhos deles atravessaram a fronteira no Deserto do Saara na segunda-feira e asilaram-se na Argélia.Promessa. David Lasar, um político municipal de Viena, membro do governista Partido da Liberdade, da Áustria, disse ontem que Seif al-Islam, um dos filhos de Kadafi, teria lhe prometido que o pai estaria disposto a reconhecer Israel, caso os combates na Líbia terminem. Seif também estaria disposto a atuar como intermediário na libertação do soldado israelense Gilad Shalit, há mais de quatro anos mantido refém pelo Hamas.Lasar, que é judeu, esteve na Líbia no mês passado em uma visita coordenada pelo seu partido e por Ayoub Kara, um vice-ministro do governo israelense do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. A conversa com Seif, segundo o austríaco, teria durado cerca de 5 minutos. "Ele acredita que a paz com Israel seja muito importante", disse Lasar. / L.S.MilíciaUm grupo de homens anunciou a criação de uma milícia encarregada de proteger Trípoli. Os responsáveis dizem ter recebido 5.500 inscrições ontemBravataMUAMAR KADAFIDITADOR LÍBIO"O povo líbio não pode se ajoelhar, não pode se render. Não somos mulheres. O povo está lutando contra o colonialismo. São necessários enormes sacrifícios pelo bem da liberdade. Os traidores serão eliminados e a Otan entrará em colapso" (Declarações divulgadas pela TV síria Al-Rai)

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