Zuma e Kadafi se reuniram para buscar uma saída para a crise líbia
JOHANESBURGO - O coronel líbio, Muamar Kadafi, confirmou na segunda-feira, 30, ao presidente sul-africano, Jacob Zuma, que não está disposto a deixar a Líbia, mas que aceita um cessar-fogo e estabelecer negociações para pôr fim ao conflito que vive o país.
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Em comunicado divulgado nesta terça-feira, a Presidência sul-africana ressalta que, na reunião mantida na segunda-feira em Trípoli entre Zuma e Kadafi, o líder líbio "reiterou seu acordo com um cessar-fogo e um diálogo entre o povo líbio para encontrar uma solução política ao conflito".
A postura de Kadafi, que há mais de um mês tinha aceitado negociar, mas não abandonar o poder, choca com a da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e dos rebeldes do Conselho Nacional de Transição (CNT), com sede em Benghazi, que exigem sua renúncia.
"(Kadafi) manifestou sua oposição aos bombardeios da Otan (sobre a Líbia), que acabaram com a vida a seu filho e seus netos e que continuam provocando destruição de propriedades e acabando com vidas", acrescenta o comunicado da Presidência da África do Sul.
Segundo a nota, o Kadafi "pediu o fim dos bombardeios para permitir um diálogo entre os líbios, mas ressaltou que não está disposto a deixar o país, apesar das dificuldades".
Zuma retornou nesta terça-feira a Pretória, depois de se reunir com Kadafi na Líbia, em nome da União Africana (UA), para negociar uma saída para o conflito no país.
"Os dois governantes mantiveram uma longa conversa na residência do líder líbio em Trípoli e o presidente Zuma fará um relatório sobre a visita ao chefe do Comitê Especial de Alta Categoria da UA para a Líbia, o presidente da Mauritânia, Mohammed Ould Abdel Aziz", diz a nota oficial.
No encontro, Zuma reiterou a Kadafi o plano de paz da UA, "especialmente a necessidade de um cessar-fogo de todas as partes para permitir que o diálogo político entre o povo líbio comece", acrescenta a nota.
Como no início de abril, Kadafi aceitou o "mapa do caminho" da UA, mas se negou a deixar o país, uma exigência feita pelos líderes rebeldes do CNT e pela Otan.
A nota explica que Zuma realizou sua viagem para ver "a destruição causada pelos bombardeios e o agravamento da crise humanitária" e acrescenta que lhe "preocupa a segurança pessoal do coronel Kadafi".
Zuma, que recentemente se reuniu com uma representação dos rebeldes em Pretória, pediu, segundo a nota, "a todos os líderes da Líbia que exerçam uma autoridade decisiva para encontrar uma solução ao conflito".
A UA se opôs à intervenção militar estrangeira na Líbia e assinalou que os bombardeios da Otan violam a resolução da ONU.
O governo sul-africano também condenou a intervenção da Otan na Líbia e Zuma disse na segunda-feira à televisão oficial do país, a "SABC", em Trípoli, que os bombardeios tornam mais difícil levar adiante os planos da UA de fomentar o diálogo para solucionar o conflito.