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Karzai aceita renúncia de chefe e de secretário da Comissão Eleitoral afegã

Organismo foi alvo de fortes críticas ano passado durante as eleições no Afeganistão

Atualização:

CABUL - O presidente afegão, Hamid Karzai, aceitou

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as renúncias do chefe e do secretário da Comissão Eleitoral afegã, entidade no centro da crise política do Afeganistão desde as fracassadas eleições presidenciais do ano passado.

 

Conforme anunciou hoje em entrevista coletiva o porta-voz da Presidência afegã, Waheed Omar, Karzai aceitou as renúncias do presidente da Comissão, Azizullah Ludin, e do secretário do órgão, Daoud Ali Najafi, notificadas ontem ao presidente.

 

Segundo o porta-voz, Karzai anunciará novos nomes para os cargos na Comissão, um organismo que foi alvo de fortes críticas desde as eleições presidenciais do ano passado e que deve agora organizar o pleito parlamentar de setembro.

 

"Foi uma decisão própria deles. Ambos consideravam que sua tarefa já estava realizada. Karzai aceitou suas renúncias", confirmou à Agência Efe em Cabul o porta-voz da Comissão Eleitoral afegã, Noor Mohamed Noor.

 

O trabalho da Comissão ficou paralisado durante as eleições presidenciais, nas quais o presidente Karzai foi reeleito apesar da anulação de centenas de milhares de votos, a maioria a seu favor, por parte da Comissão de Apelação.

 

Essa decisão de anular tais votos pela Comissão de Apelação, composta por dois membros da ONU e três funcionários afegãos, obrigou a convocação de um segundo turno, ao qual o rival de Karzai, Abdullah Abdullah, decidiu não participar por criticar o processo eleitoral.

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As polêmicas eleições voltaram ao debate político na semana passada, quando o Parlamento afegão impediu Karzai de fazer com que fossem afegãos os cinco membros da Comissão de Apelação para as próximas eleições de setembro.

 

Insatisfeito com o bloqueio parlamentar, Karzai aproveitou um encontro com funcionários dos órgãos eleitorais para acusar "os estrangeiros" de ter organizado a "fraude generalizada" das eleições vencidas por ele. Para o presidente afegão, o bloqueio parlamentar ocorreu por pressão do Ocidente.

 

Ele culpou como responsáveis pela fraude o ex-"número dois" da missão da ONU no Afeganistão, Peter Galbraith e o chefe dos observadores europeus no processo, Philippe Morillon. Karzai chegou a dizer que os votos "estavam sob o controle de uma embaixada", mas não especificou qual.

 

Após as declarações, vários porta-vozes do Governo americano reconheceram que o processo não foi "perfeito", mas lembraram que ele acabou tendo um vencedor reconhecido pelos afegãos e pela comunidade internacional.

 

A ONU considerou as eleições de setembro como um dos grandes desafios a serem enfrentados este ano pelo Afeganistão, onde o auge da insurgência Taleban levou os Estados Unidos e seus aliados a mobilizarem inúmeros reforços.

 

Tanto a ONU como os EUA expressaram receio sobre as eleições de setembro após as turbulentas presidenciais do ano passado e consideram que é cedo demais para serem realizadas, embora a data inicialmente prevista fosse já em maio.

 

Em plena polêmica, Karzai chegou a dizer no sábado passado, em reunião privada com parlamentares, que ele se juntará aos Taleban "se os estrangeiros continuarem lhe pressionando", contou ontem à Agência Efe um dos presentes no encontro.

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