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Keiko Fujimori pede anulação de cerca de 200 mil votos no Peru 

Faltando 1% dos votos para se encerrar a apuração do segundo turno, Castillo continua à frente de Keiko

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Por Redação
Atualização:

LIMA - A candidata à presidência do Peru Keiko Fujimori anunciou na noite desta quarta-feira, 9, que seu partido, o Força Popular, apresentou um recurso para pedir a anulação de cerca de 200 mil votos - 802 atas eleitorais - em todo o país alegando irregularidades e indícios de fraude. Em anúncio à imprensa, ela afirmou que quando os pedidos forem admitidos, os votos devem ser retirados da contagem final. 

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Alguns dos grandes escritórios de advocacia de Lima contratados pela legenda participam da revisão de milhares de votos já contabilizados como sendo do candidato de esquerda, Pedro Castillo, em busca de irregularidades. Para que o processo vá adiante, eles deveriam provar claramente ainda nesta quarta-feira que houve algum tipo de fraude em cada uma das urnas que apontam como suspeitas. 

Faltando 1% dos votos para se encerrar a apuração do segundo turno, Castillo continua à frente de Keiko. O sindicalista fala em vitória e recebeu uma série de congratulações ao longo do dia. 

Em disputa acirrada com o esquerdista Pedro Castillo, Keiko Fujimori pede recontagem de votos Foto: Martin Mejia/AP

Às 22h18 (horário de Brasília) Castillo aparecia com vantagem de cerca de 75 mil votos, com 99,004% das atas eleitorais contabilizadas, informou o órgão oficial eleitoral do país (ONPE). O esquerdista tinha 50,212% dos votos, e Keiko, 49,788%.

Em um pronunciamento público, Castillo se disse presidente do Peru, e afirmou que uma contagem oficial de seu partido, Peru Livre, indicou sua vitória. Na ocasião, o candidato clamou para seus seguidores não acreditarem em provocações, como a subida do dólar e aumento dos preços da cesta básica.

A denúncia de Keiko Fujimori de suposta fraude sistemática foi lançada na segunda-feira à noite, quando a contagem de votos já estava adiantada e Castillo aparecia como o provável vencedor. Em entrevista coletiva, ela apresentou uma série de supostas provas - em sua maioria coletadas em redes sociais - e notícias falsas sem muito apoio, para refutar os relatórios preliminares das missões eleitorais da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União Interamericana de Organizações Eleitorais (Uniore), que destacaram a lisura das eleições. 

Entre as supostas evidências está o caso de seções eleitorais onde todos os votos foram a favor de Castillo, algo provável em regiões do país onde o candidato ganhou com 88% dos votos e que corresponde ao fato de que também há seções eleitorais com todos os votos a favor de Keiko, como foi visto em Miami, nos Estados Unidos, onde expatriados votaram. 

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Atas contestadas

Os grandes escritórios de advocacia peruanos representam as classes entre as quais Keiko tem maior popularidade. Tendo em vista que a lei eleitoral proíbe a contribuição de empresas privadas para campanhas, os escritórios buscam um caminho para que as autoridades não considerem seu trabalho com os pedidos para revisão e impugnação de votos como financiamento ilícito para Keiko. 

Eles miram o que são chamadas de "atas contestadas", enviadas para análise posterior por conta de alguma possível irregularidade. Uma primeira análise é feita por juizados eleitorais especiais, com uma decisão final, se necessária, tomada pelo Júri Nacional de Eleições.

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Na terça-feira, o presidente dessa corte, Jorge Luis Salas Arenas, afirmou que as revisões serão transmitidas ao vivo, para garantir um processo independente e imparcial. Ele ainda rejeitou as acusações de fraude, dizendo ser muito perigoso para o país pôr em xeque toda uma eleição por conta de alguns incidentes.

Para que a vitória seja oficial, o Onpe precisa contar todas as atas eleitorais e, em seguida, o Júri Nacional de Eleições avaliará os recursos de ambas as partes — algo que pode levar vários dias. Se a eleição de Castillo for confirmada, esta será a terceira derrota consecutiva de Keiko no segundo turno, para Pedro Pablo Kuczynski e Ollanta Humala./AP, AFP e EFE

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