Kelly se sentiu traído pelos superiores, diz a mulher dele

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Por Agencia Estado
Atualização:

A mulher do ex-inspetor de armas da ONU David Kelly afirmou hoje que ele se sentiu traído pelos superiores ao ser identificado como a fonte de uma matéria da BBC que denunciou que o governo do primeiro-ministro Tony Blair exagerou a ameaça apresentada pelas armas do presidente iraquiano deposto Saddam Hussein. Janice Kelly disse que nos dias anteriores ao aparente suicídio ele estava magoado por ter tido o nome revelado pelo Ministério da Defesa e insatisfeito por ter tido de testemunhar numa inquérito parlamentar televisionado. "Eu nunca o tinha visto tão infeliz, nem quando ele passou todas as dificuldades no Iraque, onde ele teve muito desconforto muito horror, armas apontadas para ele, munições deixadas ao seu redor", disse Janice no inquérito judicial. David Kelly "disse várias vezes que se sentia totalmente abandonado e traído", relatou Janice. Rachel Kelly, filha do cientista, de 30 anos, afirmou que o pai ficou "profundamente traumatizado" com o testemunho e reclamou que os parlamentares foram extremamente duros com ele. Outra filha de Kelly, Sarah Pape, disse que o pai entendia as razões para a guerra e acreditava que armas de destruição em massa estavam enterradas nos desertos iraquianos. "Ele estava convencido de que não havia solução que não passasse por uma mudança de regime, o que era improvável de ocorrer por meios pacíficos e lamentavelmente exigiria uma ação militar", disse. Tanto a mulher como a duas filhas não acusaram no inquérito ninguém pela morte de Kelly.

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